Dez anos da maior greve do setor de pneumáticos do país

O ano de 2012 ficará marcado para sempre na vida dos trabalhadores de Camaçari e Simões Filho e, principalmente, na história do sindicato. Isso porque foi naquele ano que a entidade conseguiu mobilizar a base e fazer a maior greve do setor pneumático brasileiro, que começou em 30 de junho e terminou no dia 22 de agosto.

A motivação da categoria para cruzar os braços por 52 dias foi o assédio moral constante e insuportável vivido diariamente no chão de fábrica. As lideranças tinham vindo da planta de São Paulo e tinha outra forma de lidar com os funcionários da Bridgestone. Era à base da ameaça, assédio e chantagem. O que logo se tornou insustentável.

Cansados de serem maltratados, os trabalhadores começaram a sinalizar para a diretoria. Mas, não foram atendidos. Para agravar ainda mais a situação, no período da data-base, as conversas com o patronato não evoluíram. Na pauta, aumento real de 2%, PPR de 9 mil, adicional noturno de 40%, adicional de turno de 20% e cesta básica. Para obrigar a diretoria a avançar no processo negocial, começaram a fazer paralisações de meio turno a cada turno.

Sem êxito, decidiram deflagrar a greve, apoiados por todos os sindicatos cutistas de Salvador e toda a Região Metropolitana. Mas, a empresa se mostrou intransigente, na tentativa de enfraquecer o sindicato.

Um dia que marcou este processo foi quando os trabalhadores foram andando da Bridgestone até o prédio da Justiça do Trabalho, no Centro de Camaçari, carregando um caixão, que depois foi queimado pelos manifestantes na frente da fábrica. Durante os 52 dias de greve na Bridgestone, o policiamento era constante e os trabalhadores eram ameaçados todos os dias pelos policiais.

Ao final, o acordo foi fechado com poucos avanços econômicos e funcionários demitidos, mas com grandes mudanças na relação empresa X trabalhador. Uma parte da diretoria da unidade foi demitida, como diretor-geral, gerente de relações trabalhistas, de assuntos jurídicos e do RH. Foram iniciados treinamentos para as chefias, além de terem sido instalados espaço para descanso pós-almoço, máquinas de café.