Segurança no trabalho tem que ser prioridade

O Dia Nacional da Prevenção ao Acidente de Trabalho é celebrado em 27 de julho, transcorrido, na última quarta-feira. O marco, oficializado em 1972, incentiva a reflexão sobre a necessidade de impor mudanças comportamentais, com medidas efetivas de proteção ao trabalhador. O objetivo das campanhas sobre o tema é promover um ambiente de trabalho mais seguro e com práticas saudáveis, em todos os setores produtivos da sociedade.

De acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o Brasil está entre os líderes ranking de países com maior número de acidentes e mortes por acidente de trabalho. Não é à toa que o serviço de medicina e segurança do trabalho em empresas com mais de 100 funcionários é obrigatório.

O Observatório ainda revelou que, somente em 2020, foram registrados cerca de 47 mil acidentes de trabalho por pessoas com vínculo regular. Em 2021, o país registrou 2,5 mil óbitos e 571,8 mil Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT). Números 30% maiores em relação ao ano anterior. Os índices dispararam, principalmente, após o fim do Ministério do Trabalho e seus órgãos de fiscalização, quando os sindicatos também perderam o protagonismo.

O tema tem sido pauta recorrente entre as categorias de trabalhadores, inclusive no Sindborracha de Camaçari, Salvador e Região Metropolitana. No último dia 13 de junho, por exemplo, ocorreu um grave acidente envolvendo dois prestadores de serviço terceirizados na Continental. Os dois homens foram atingidos por um jato de vapor em altíssima temperatura e ficaram hospitalizados em um centro de tratamento especializado.

Diante do ocorrido, a direção do sindicato se reuniu com os funcionários na porta da fábrica para alerta sobre a necessidade de ter segurança no trabalho e cumprir todos os protocolos. Além disso, cobraram da empresa melhores condições de trabalho para todos.

IPCA-15 registra em julho a menor variação desde junho de 2020

Principal prévia inflacionária, o IPCA-15 subiu 0,13% em julho, o menor percentual desde junho de 2020. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo IBGE, mesmo instituto responsável pelo índice oficial IPCA. Em junho, o IPCA-15 havia subido 0,69%. No mesmo mês do ano passado, este indicador avançou 0,72%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,79%. No intervalo de 12 meses, a taxa está em 11,39%.

Seis dos nove grupos tiveram aceleração de preços no atual IPCA-15. Destaque para alimentos e bebidas (1,16%) e vestuário (1,39%) – o segundo grupo acumula elevação de 11,01% no ano. Somente o leite longa vida subiu 22,27% no mês.

A desaceleração na média deste mês foi causada pelos grupos Transportes (-1,08%) e Habitação (-0,78%). No primeiro, os preços foram contidos pelas quedas em combustíveis, sobretudo gasolina (-5,01%) e do etanol (-8,16%). Em habitação, destaca-se a diminuição de 4,61% na energia elétrica residencial.

Redação Bahia.ba

Maior parte dos acordos salariais tem reajustes abaixo da inflação

Os acordos salariais no primeiro semestre deste ano tiveram, na maior parte, reajustes abaixo da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). A média no ano é de menos 0,80%. Apesar do resultado melhor em junho, há quase dois anos não se registra variação positiva mensal – a última vez que isso aconteceu foi em setembro de 2020, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconomicos (Dieese), divulgado nesta terça-feira (19).

De acordo com o acompanhamento do instituto, os reajustes abaixo da inflação representaram 43,4% do total na primeira metade do ano. Os equivalentes ao INPC somam 35,2%. E os acordos com índice acima da inflação são apenas 21,4%. Isso mostra a dificuldade imposta, entre outros fatores, pela inflação elevada, que continua próximos dos 12% (em 12 meses).

Setores e pisos

Entre os setores de atividade, a indústria tem a maior quantidade de acordos acima da inflação: 26,8%, ante 20% nos serviços e 15,7% no comércio. Nesse último, predominam os índices iguais ao INPC (53,5%). Nos serviços, 50,9% ficam abaixo.

Apenas no mês de junho, 37% dos reajustes tiveram ganho real (acima da inflação), no maior percentual desde setembro de 2020 (44%). Outros 37% foram equivalentes ao INPC, enquanto 26% ficaram abaixo. O índice médio foi de -0,58%. “O dado reflete alguma melhora nas negociações salariais, embora ainda insuficiente para resultar em um valor acima do INPC-IBGE”, observa o Dieese.

O valor médio dos pisos em 2002 é de R$ 1.489,98. Já o mediano (correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos) está em R$ 1.388,50. Assim, ficam em 22,9% e 14,6%, respectivamente, acima do salário mínimo oficial. O maior valor médio está no comércio (R$ 1.515,22), e o menor, no setor rural (R$ 1.454,83).

Redação CUT

Insalubridade X periculosidade; saiba quem tem direito

Trabalhador que corre risco de contrair doenças pode pedir adicional de insalubridade; os que correm risco de morte violenta, como em explosões, recebem por periculosidade. Valores a receber são diferentes

Os trabalhadores e trabalhadoras que correm risco de morte violenta ou de contrair doenças têm alguns direitos como os adicionais de insalubridade pagos, por exemplo, ao pessoal da saúde e químicos pelo risco biológico, e a periculosidade pagos aos militares e eletricistas pelo risco de mortes e acidentes violentos, entre outras categorias.

Para entender a diferença entre insalubridade e periculosidade, que categorias profissionais têm direito, como provar que convivem com esses riscos nos locais de trabalho, quais os valores a receber e o que fazer caso a empresa se recuse a pagar e como o sindicato pode ajudar o trabalhador, a reportagem do PortalCUT ouviu especialistas em direito do trabalho e dirigentes sindicais de setores de risco. Confira. 

Muitas vezes, o trabalhador tem dificuldade em provar que sua atividade é insalubre, alerta o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), especialista em saúde do trabalhador, Remígio Todeschini. Segundo ele, isso acontece porque, neste caso, as empresas não querem arcar com o acréscimo para a previdencia que garante o custeio da aposentadoria especial com idade mais reduzida. Há resistência por parte do empresariado em arcar com esse custo, apesar dos problemas de saúde que o trabalhador pode ter no futuro.

“Reconhecer a insalubridade é praticamente processual. Por exemplo, em casos de exposição ao barulho, é preciso que engenheiros avaliem e façam medições que comprovem o risco do trabalhador perder ou diminuir a sua audição. É uma briga intensa fazer a empresa reconhecer este direito”, afirma Todeschini.

A advogada Fernanda Teodora Carvalho do escritório LBS, que atende a CUT Nacional, explica que normalmente, existem ramos de atividades como indústrias, hospitais, laboratórios, que reconhecem o direito ao pagamento do adicional de insalubridade, de acordo com previsão da Norma Regulamentadora (NR) nº 15, que trata de riscos físicos, químicos e biológicos.

Outros trabalhadores que também podem ter esse direito reconhecido são os que atuam em limpeza de locais com grande circulação de pessoas, a exemplo dos shopping centers, trabalhadores que realizam limpeza de baias e estábulos e trabalhadores que atuam na coleta de lixo urbano.

Já o pagamento do adicional de periculosidade ocorre quando o trabalhador está exposto ao risco ocupacional por agentes infamáveis, descargas elétricas, ou realiza segurança privada ou transporte de valores. As normas que tratam disso são as NRs 16 e 20.

Como ter o direito reconhecido

Nos casos em que a empresa não reconhece espontaneamente a exposição à insalubridade ou a periculosidade, é preciso que o trabalhador entre na Justiça para receber o adicional devido. Neste caso, o sindicato pode orientar o trabalhador sobre como dar início ao processo.

Casos comuns ocorrem com trabalhador de edifício vertical, que armazenam líquidos inflamáveis para uso de geradores e manutenção de elevadores. “Normalmente o empregador não reconhece de forma espontânea o direito para não onerar a sua folha de pagamento. Por isso, é preciso que o trabalhador entre em contato com o jurídico do seu sindicato para que haja uma verificação do local de trabalho”, diz a advogada Fernanda Teodora Carvalho.

Segundo ela, é preciso avaliar o tempo de exposição aos agentes químicos, físicos ou biológicos, se ocorria com frequência, se era esporádico, e se a quantidade desse agente está dentro, ou não, da concentração permitida na norma, para ter reconhecido o seu direito ao adicional.

Valores a receber

O adicional de insalubridade pode ser pago em percentuais estabelecidos pela norma, e eles variam de acordo com o grau de risco da atividade exercida. Os percentuais são 40% para insalubridade de grau máximo; 20% para insalubridade de grau médio; e 10% para insalubridade de grau mínimo, que são calculados com base no salário mínimo. 

Categorias lutam para manter direitos

Uma das categorias que muito lutou pelo direito à insalubridade é a dos trabalhadores na saúde. Somente em 1980, eles tiveram esse direito reconhecido e ainda assim há muitas brechas na legislação que impedem que todos recebam o mesmo percentual.

A secretária-Geral do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), Célia Regina Costa, que trabalha no setor administrativo há 45 anos, diz que é injusto todos que trabalham na saúde não terem o mesmo direito, pois os valores a receber dependem se a unidade é pública ou privada. Segundo ela, os servidores públicos da saúde de São Paulo recebem de adicional de insalubridade de 20% a 40% sobre dois salários mínimos (R$ 2.224, hoje).

‘Enfermagem, psicólogos, médicos, técnicos de imagem e laboratórios recebem porque manipulam medicação e têm contatos diretos com pacientes e nem sempre está escrito no prontuário se eles têm doenças transmissíveis, ou não, na hora de realizar um exame. O mesmo ocorre com a recepção e motoristas de ambulância que lidam diretamente com quem chega no hospital ou posto de saúde. Por isso, eles também recebem o adicional de insalubridade”, conta.

Já a rede privada paga 20% apenas sobre um salário mínimo (R$ 1.212) e o pessoal da administração nem sempre recebe, o que, para a dirigente sindical, é profundamente injusto, e a pandemia da Covid-19 comprovou isso, pois a obrigação de trabalhar presencialmente levou muitos a adoecerem, independentemente da ocupação exercida.

“O vírus é ‘democrático’. Ele pode infectar um médico ou mesmo um trabalhador de Recursos Humanos, que pega um ônibus para trabalhar, mesmo  exercendo a sua função em um prédio diferente que não exige contato direto com um paciente”, afirma.

Apesar de ter o direito ao adicional de insalubridade reconhecido há mais de 40 anos, o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que haja uma nova reclassificação do rol de atividades da saúde, sem consultar seus profissionais e o atual governo de Rodrigo Garcia (PSDB) está mantendo a decisão do seu antecessor.

“Inventaram uma comissão que não ouve os trabalhadores e estamos aguardando como será a reclassificação, apesar de nossos protestos pela falta de diálogo com a categoria. Nossa preocupação é o atual governo do estado retirar direitos de quem hoje recebe o adicional por insalubridade”, conta.

Os riscos dos eletricitários

Uma das categorias que sofre com grande risco de acidentes fatais é a dos eletricitários, expostos à descargas elétricas em áreas energizadas. E foi graças à luta da categoria que eles conquistaram aumento do adicional de periculosidade de 30% do salário mínimo para 30% da remuneração que recebem.

O engenheiro elétrico da Eletrobras, Ikaro Chaves, conta que os riscos de acidentes graves são muitos e piorou depois das demissões no sistema e a falta de renovação de mão de obra, sobrecarregando a carga de trabalho.

“A profissão já é de risco com trabalhadores atuando em tensões de 500 mil a 600 mil volts. Só de passar embaixo de uma rede dessas, o cabelo arrepia. E os acidentes são terríveis com trabalhadores perdendo braços, pernas e até os olhos por que a descarga elétrica queima de dentro para fora, já que seu condutor é o sangue”, explica Ikaro.

Redação CUT Bahia

Ex-trabalhadores na Ford fazem panfletagem sobre direitos e um Brasil em crise

Ex-trabalhadores na Ford panfletaram nesta quinta-feira, 21, nos arredores da estação do metrô República, no centro da capital paulista. A ação faz parte do Comitê de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia criado pelos representantes sindicais e militantes na montadora em maio.

Os comitês são espaços de organização popular e cumprem o papel de ampliar o diálogo com a população sobre os problemas enfrentados pelos brasileiros e pelas brasileiras, como o desemprego, a saúde, a educação, a pobreza, além de apontar os caminhos de luta e promover ações de solidariedade.

A escolha da data não foi por acaso. Há exatos 41 anos, completados neste dia 21 de julho, os trabalhadores na Ford de São Bernardo do Campo, após a realização de uma greve, conquistaram a primeira Comissão de Fábrica do Brasil, eleita pelos próprios metalúrgicos.

O material entregue aos transeuntes trata não apenas sobre as reformas promovidas pelo atual governo federal como também fala do aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, da pandemia e dos 33 milhões de brasileiros que passam fome no Brasil, como aponta o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho.

Ação na Praça da República

O jornal comenta ainda sobre o encerramento das atividades na Ford do ABC paulista, em 2019, após 52 anos de atuação na região.

De acordo com a publicação, o fechamento da fábrica representou uma “irresponsabilidade empresarial” combinada com uma “inação das autoridades públicas”.

“O governador à época, João Doria, teve uma atuação pífia para reverter a decisão e o presidente da República, Jair Bolsonaro, procurado pelos trabalhadores, ignorou totalmente o caso”, aborda o material de quatro páginas.

Povo nas ruas

A mobilização desta quinta-feira no centro de São Paulo permitiu, segundo o presidente do TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, um diálogo mais próximo com a população sobre os reais problemas reais vividos atualmente no Brasil.

“O povo brasileiro está sendo submetido ao maior assalto social e econômico da história desse país, com queda na renda, piora no desemprego e nas condições de vida”, disse.

Simão Barbosa de Matos Neto, o Soró, funcionário por 32 anos da Ford de São Bernardo do Campo, critica o atual governo federal e lamenta o fechamento de inúmeras empresas no Brasil.

“O olhar do mundo sobre o Brasil não é o mesmo do que vimos nos anos 2000 com o governo Lula. Depois do golpe de 2016, tudo se transformou radicalmente. Com a retirada de direitos e a desindustrialização, vimos o desemprego aumentar e uma crise profunda no Brasil. Até 2013, não se via a quantidade de pessoas pedindo comida e indo morar na rua como hoje”.

Para Soró, que ingressou na Ford em 13 de outubro de 1989 e vivenciou diferentes momentos da economia brasileira e do movimento sindical, é preciso eleger em outubro de 2022 candidatos que garantam a distribuição da riqueza e uma política de expansão do setor de consumo, de investimentos públicos e a retomada da industrialização.

“A partir de janeiro de 2023, precisamos de um governo progressista que seja indutor do crescimento da economia, do emprego, da renda e que acabe com a fome”, finalizou.


Redação CUT

Foto Rossana Lana

Com R$ 100, baianos só levam um terço das compras que faziam há 4 anos no mercado

Viver no Brasil de 2022 é ter a sensação de que o nosso dinheiro vale menos a cada vez que compramos comida. Um levantamento feito pela reportagem comparou preços de produtos de alimentação de 2018 e 2022, através dos folhetos de supermercado e aplicativo de compras, e mostrou que houve queda de no mínimo dois terços no poder de compra do consumidor em Salvador e na Região Metropolitana. Hoje, com R$ 100, é possível comprar cinco itens: 1 kg de carne do sol, manteiga, 1 kg de feijão, 1 kg de arroz branco e 1 pacote de biscoito cream cracker. E ainda sair devendo R$ 0,45. 

Já em 2018, os mesmos R$100 custeavam até 15 itens. Os produtos comprados hoje em mais 1 kg de peito de frango, 30 ovos, garrafa de óleo de soja, pacote de café, pacote de leite em pó, extrato de tomate, refrigerante de 2 litros, pacote de macarrão, 1 kg de salsicha e um 1 de farinha de mandioca, com direito a troco de até R$ 0,78. 

Os valores médios da cesta básica não ficam para trás. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em junho de 2018, o preço da cesta básica era, em média, R$ 321,62 em Salvador. Em comparação, no mesmo mês desse ano, o conjunto de alimentos chegou a R$ 580,82, aumento de 80,5% no bolso dos baianos. 

A professora Graça Ferreira, 46, acredita que a quantidade de itens de alimentação que compra todo mês caiu 70%. Para conseguir fechar as contas mensais, ela teve de cortar carne vermelha, lanches da tarde e sobremesas. Além disso, Graça diz que precisou trocar de marcas, priorizando as mais acessíveis. Mesmo assim, o saldo ainda sai alto e ela costuma pagar R$ 800 em itens de alimentação para três pessoas. 

“Meu filho foi na padaria comprar pão e leite. Ele trouxe o leite e quando fui lavar a caixinha, olhei o preço e falei ‘não acredito, acho que molhou a etiqueta, vou esperar secar’, Quando secou, tomei um susto: o leite estava R$ 8. Na padaria é mais caro, mas lembro que há um tempo, era por volta de R$ 5. Subiu muito”. 

A diretora de escola Taiane Reis, 38, também teve que fazer cortes, tanto na quantidade de produtos, quanto nos gastos de lazer para fechar a conta. Viagens, mimos e saídas em família para o almoço de domingo perderam frequência quando comparados à rotina de anos atrás.  “Diversão é algo que a gente tirou, o aumento dos preços impacta a questão da forma de viver, na qualidade de vida”, diz.

Apesar dos cortes, o valor aumentou. “Eu comprava [em 2018] o dobro do que compro hoje e com a metade do valor. Antes, gastava por volta de R$ 1 mil na feira para quatro pessoas com produtos de excelente qualidade. Hoje gasto R$ 2 mil com menos produtos, que tem qualidade inferior. Antigamente com R$ 100 conseguia comprar 1kg de carne, feijão, arroz, açúcar, café… daria para fazer a cesta básica. Hoje consigo comprar 1kg de feijão, arroz, carne e, talvez, um frango”, reclama. 

Motivos da carestia
Consultor econômico da Fecomércio, Guilherme Dietze explica que a queda no poder de compra dos consumidores é resultado de um conjunto de fatores que envolve a pandemia e conflitos internacionais. Ele justifica que, como houve quebra de cadeias produtivas durante a pandemia, a produção e exportação de produtos foram minados. No entanto, a demanda por alimentos e outros produtos continuou, o que resultou em supervalorização dos preços pela lei de oferta e demanda do mercado. 

A agravar a situação, neste ano, a guerra na Ucrânia fez disparar os preços de algumas commodities [produtos de origem agropecuária ou mineral, em estado bruto, a exemplo do trigo, petróleo, soja e milho]. 

“Está havendo uma melhora, que deve vir no segundo semestre deste ano e de forma significativa no ano que vem. Por conta do risco de recessão global, o mundo todo vai parar para trazer a inflação para baixo. Isso faz com que reduza os preços das commodities milho, soja, trigo, petróleo e minério de ferro. De fato, eles estão caindo e isso deve chegar para o consumidor nos próximos seis meses a um ano”, estima. 

Estratégias para economizar
Embora exista estimativa positiva para a queda dos preços, por ser a longo prazo, é bom ter estratégias para conseguir comprar a maior quantidade possível de produtos pelo menor preço. Dietze lembra que supermercados têm dias de promoção de carne e peixe. A orientação é estar atento aos dias de promoção no supermercado que frequenta, mas também ampliar a busca por outros supermercados. 

A internet é outro refúgio. “Quando se compra três litros de sabão líquido no supermercado paga-se mais de R$ 40 reais, na internet compra-se sete litros e com preço médio mais barato”, recomenda. 

O educador financeiro Raphael Carneiro salienta que é preciso ser criterioso e analisar os preços em vários supermercados ou ver formas de substituir o produto por outro mais acessível e de qualidade. Para ele, aplicativo de compra coletiva e clubes de desconto são outras brechas capazes de “driblar” os altos preços.

Um aplicativo que se encaixa na sugestão de Raphael é o  “Preço da Hora”, que reúne dados das notas fiscais de supermercados do estado para apresentar os melhores valores ao consumidor. Para utilizar, basta baixar o programa por algum dispositivo móvel. É possível buscar os melhores preços de combustível, produtos de supermercado – como alimentação, higiene pessoal e casa – além de medicamentos. 

Para encontrar os melhores preços em determinada região, basta ir na opção “filtros” e determinar o raio de busca e faixa de preço. Depois, só é preciso ir em “produto ou código de barras” e escrever qual combustível, produto de supermercado ou medicamento procura. Após escolha da mercadoria, o aplicativo permite traçar rota até o local de venda para comprar o material mais econômico da região. 

Variação do IPCA em % em Salvador e RMS:

Índice Geral
Dezembro de 2018 (acumulado em 12 meses) 4,04
Dezembro de 2019 (acumulado em 12 meses) 3,93
Dezembro de 2020 (acumulado em 12 meses) 4,31
Dezembro de 2021 (acumulado em 12 meses) 10,78
Junho de 2022 (acumulado em 6 meses) 6,60

Alimentação e Bebidas
Dezembro de 2018 (acumulado em 12 meses) 4,82
Dezembro de 2019 (acumulado em 12 meses) 4,96
Dezembro de 2020 (acumulado em 12 meses) 14,04
Dezembro de 2021 (acumulado em 12 meses) 10,11
Junho de 2022 (acumulado em 6 meses) 8,39

Fonte: IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

Comparativo de preços no Supermercado:

Julho de 2018 em R$:
1 kg de carne do sol:  24,98
1 kg de file de peito: 8,99
1 manteiga 500g: 9,98
1 kg de feijão: 2,79
1 placa 30 ovos: 8,99
1kg arroz parborizado: 2,29
1 extrato de tomate 130g: 0,98
1 óleo de soja 900ml: 2,99
1 café 250g: 4,89
1 Leite em pó 800g: 17,89
1 biscoito cream cracker 400g: 2,19
1 refrigerante de 2L: 2,79
1 pacote de macarrão 500g: 1,29
1 kg de salsicha: 4,99
1kg de farinha mandioca: 3,19

Julho de 2022 em R$:
1 kg de carne do sol: 54,99
1 kg de file de peito: 26,99
1 manteiga 500g: 24,99
1 kg de feijão: 9,69
1 biscoito cream cracker 400g: 5,89
1kg arroz: 4,89
1 placa 30 ovos: 17,99
1 oleo de soja 900ml:11,99
1 café 250g: 9,49
1 Leite em pó 800g: 30,99
1 refrigerante de 2L: 6,69
1 pacote de macarrão 500g: 5,49
1 kg de salsicha: 19,99
1kg de farinha mandioca: 6,29

Redação Correio*

Inadimplência bate recorde e atinge 66,6 milhões de brasileiros em maio

Em meio à crise econômica, com a inflação acima de dois dígitos desde setembro do ano passado, a taxa básica de juros (Selic) a 13,75%, a de desemprego ainda alta atingindo mais de 10 milhões de trabalhadores, além dos salários em queda, os brasileiros não estão conseguindo pagar suas contas.

O resultado é que, em maio, o Brasil registrou o maior contingente de inadimplentes desde o começo da série histórica da pesquisa do Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, iniciada em 2016. No total, 66,6 milhões de pessoas estão endividadas no País, o equivalente a 31% da população, de acordo com os dados da Serasa divulgados nesta segunda-feira (11).

De acordo com a pesquisa, foi registrado em um ano um aumento de 4 milhões de nomes negativados, popularmente chamados de ‘nomes sujos’ porque perdem o direito de fazer empréstimos além de outras restrições ao crédito.

O cartão de crédito permanece como o vilão com o maior volume de dívidas negativadas, 28,2% do total das dívidas. Em seguida aparecem as contas básicas como água, luz e gás, com 22,7%. Em terceiro lugar ficam os setores de varejo e financeiras, com 12,5% cada um.

Na análise por estado, São Paulo concentra o maior número de inadimplentes (15,6 milhões), seguido pelo Rio de Janeiro (6,7 milhões), Minas Gerais (6,3 milhões), Bahia (4,1 milhões) e Paraná (3,5 milhões).

Redação CUT

Violência política sobe 23% nos primeiros seis meses deste ano em relação a 2020

Só nos primeiros seis meses deste ano, quando serão realizadas eleições para escolher o novo presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, foram registrados 214 casos de violência contra lideranças políticas, 23% a mais do que no mesmo período de 2020, quando foram realizadas eleições municipais e a violência atingiu 174 pessoas no país. A violência vai desde ameaças, agressões, atentados até homicídios e sequestro das lideranças e familiares.

Os dados são do Observatório da Violência Política e Eleitoral, formado por pesquisadores do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e foram divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (12), três dias após o assassinato do guarda civil Marcelo Aloizio de Arruda, militante do PT e dirigente do sindicato dos servidores municipais de Foz do Iguaçu (PR).

Marcelo, pai de 4 filhos, um deles com apenas 40 dias de vida, foi assassinado a tiros pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, policial federal penitenciário, na madrugada deste domingo (10), durante sua festa de aniversário de 50 anos.

Os pesquisadores consideram como lideranças políticas ocupantes e ex-ocupantes de cargos eletivos, candidatos, ex-candidatos, pré-candidatos e determinados funcionários da administração pública (ministros, secretários de governo e assessores). Marcelo foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu em 2020 e era dirigente do PT local.

De acordo com a repórter da Folha Angela Pinho, no período de abril a junho deste ano, o tipo de violência mais frequente foi ameaça, com 37 casos (36,6%), seguida de agressão, com 27 casos (26,7%), e homicídios, com 19 casos (18,8%).

Houve ainda nove atentados (8,9% do total de ocorrências), cinco homicídios de familiares (5%), dois sequestros (2%) e dois sequestros de familiares (2%).

Em 2020, o número de episódios de violência política aumentou 44% do segundo trimestre para o terceiro, e 93,5% entre o terceiro e o quarto trimestre.

Ainda segundo a Folha, a região Nordeste registrou o maior número de assassinatos (10 casos) e, pela primeira vez, o estado do Paraná liderou o ranking, com quatros casos, algo que, segundo o boletim, “chama atenção por ser algo incomum até então”.

O cientista político Felipe Borba, coordenador do Giel, disse à reportagem que, na sua avaliação, a alta no número de casos de violência contra lideranças políticas neste ano decorre de dois fatores. Por um lado, a violência da política estadual e federal se soma à municipal, que é predominante no país. E, por outro, afirma, o bolsonarismo usa a linguagem da violência como estratégia eleitoral, o que acaba incitando apoiadores.

“As eleições brasileiras sempre foram polarizadas, mas nunca houve pelos candidatos estímulo a violência, falar em metralhar”, disse o pesquisador à Folha.

Para o coordenador do Giel, qualquer ato de violência contra liderança política é muito grave porque mina a democracia e ainda fere a liberdade de expressão. “Reduz a participação e a legitimidade dos eleitos e deixa as pessoas com receio de manifestar sua opinião”, afirma.

Redação CUT

Baixos salários, queda de renda e endividamento: o caos na vida do trabalhador

Sobreviver não está sendo nada fácil para milhões de brasileiros e brasileiras que veem no subemprego e no bico uma forma de conseguir algum trocado para não passarem fome. A situação econômica do país é tão grave que a queda no desemprego anunciada com estardalhaço pelo governo federal esconde, na verdade, uma tragédia social.

A maioria dos empregos gerados de maio de 2021 a maio de 2022, foi para profissões de baixa remuneração. A campeã foi a dos faxineiros que, no  período, criou 163,4 mil novos postos de trabalho, ou 6,15% de todas as vagas geradas no país com carteira assinada (2,66 milhões), segundo análise feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir dos dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, a pedido do G1.

O mesmo estudo revela que, juntas, 128 de 140 categorias profissionais responsáveis por 72% das vagas criadas com carteira assinada no país, estão com remuneração média abaixo da inflação acumulada em 12 meses. Entre os que mais perderam renda estão motoristas de ônibus urbano e auxiliar administrativo, com perda real de 19%. Na outra ponta, quem teve uma valorização maior foram os médicos clínicos cujo salário de admissão teve ganho real de 35,6% em um ano.

Enquanto a inflação dispara, a renda média de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros caiu 8%. Nos últimos anos, a moeda brasileira perdeu mais de 30% de seu poder de compra. O custo do conjunto básico de alimentos teve um aumento ainda maior: em São Paulo esse aumento foi de quase 50%.

Em linhas gerais, a análise dos números do Caged é a reafirmação da tragédia que significou a reforma Trabalhista de 2017, o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), e as políticas de Jair Bolsonaro (PL) em que o trabalhador tem menos direitos, afirma o secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, Ariovaldo de Camargo.

“São poucas vagas criadas e com salários menores. A formas de contratações são piores, não necessitam de mão de obra especializada do ponto de vista acadêmico e de formação profissional, daí a baixa remuneração”, diz Ariovaldo.

Para o economista Marcio Pochmann, a retomada dos empregos nada mais é do que o retorno ao trabalho do setor de serviços mais impactado com a pandemia, pelo fechamento de comércios e a menor circulação de pessoas nas ruas. A flexibilização das regras para conter a Covid-19 fez com que as atividades normalizassem e os empregos que estavam retraídos começaram a voltar, o que segundo o economista, não significa retomada de crescimento nem, como mostra o estudo da CNC, a melhoria das condições de renda do trabalhador.

“Com a diminuição da gravidade dos casos de Covid, graças à vacinação, a população está indo mais às ruas e para sobreviver faz de tudo, principalmente vendas de alimentos e entregas por aplicativos. Nós ainda não voltamos ao nível de emprego registrado em 2014”, diz Pochmann.

A recuperação da renda e do emprego para o trabalhador passa pela volta da política de valorização do salário mínimo, que o atual governo terminou, entre outras ações, defende o secretário da CUT Nacional.

“O levantamento da CNC é a confirmação de que, com a reforma Trabalhista, teríamos emprego de péssima qualidade, perda de remuneração e, em especial, a precarização de uma grande parte da sociedade. Quase a metade dos trabalhadores não tem emprego formal, e uma hora o preço a ser cobrado será muito alto”, avalia Ariovaldo de Camargo.

O resultado das altas taxas de desemprego, da baixa remuneração e alta da inflação é que cada vez mais famílias estão endividadas. A inadimplência chega a 58% nas famílias com renda de até R$ 2.100. Ou seja, uma em cada três famílias brasileiras possui dívidas em atraso, e a alta da inflação é apontada como o principal fator para que essas despesas não sejam pagas em dia, segundo sondagem especial realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

Para piorar, segundo Ariovaldo, o governo abre crédito consignado para quem vai receber os R$ 600 do Auxílio Brasil até o final do ano e para os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), e ainda apresenta projeto para que as pessoas possam penhorar a casa própria aos bancos.

“O governo está induzindo uma parcela da sociedade que recebe auxílios e, portanto, é a mais vulnerável, a se endividar para superar a fome, mas o valor é momentâneo, e  lá na frente essas pessoas não terão condições de resolver a dívida e terão até o imóvel confiscado”, critica o dirigente da CUT Nacional.

Esse conjunto de tragédias que se abate sobre a população é resultado de uma política econômica errada do governo federal, diz o economista Marcio Pochmann. De acordo com ele, as atividades econômicas de natureza capitalista têm dificuldade de se expandir num país que tem um contingente imenso de sobra de mão de obra e de pessoas fazendo bicos para sobreviver.

“O IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] diz que [os empregos informais] são ocupações, mas é a reação das pessoas na busca de algum ganho para vida que, necessariamente, não está associado ao desempenho econômico que eleve a demanda da força de trabalho. São estratégias de sobrevivência para quem depende de salário”, explica o economista.

Para Marcio Pochmann, o problema do desemprego, da inflação e o endividamento das famílias é de natureza política.

“Temos terra para plantar, temos reservas financeiras internas e externas, temos mão de obra qualificada e obras inacabadas. O problema é político, a partir do momento em que o empresariado desconfia do que vai ocorrer na economia nos próximos anos, e só uma nova política pode resolver”, afirma o economista.

Maquiagem dos dados de emprego

O governo maquia os dados do emprego desde que mudou a fórmula de cálculo Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged). Antes do golpe, em 2016, o Caged, que registra as demissões e admissões de trabalhadores, informadas pelas empresas, contabilizava apenas empregos formais, com carteira assinada e por prazo indeterminado. Depois da destituição da presidenta Dilma, passou a contabilizar também a nova modalidade de contratos, os intermitentes, legalizados pela reforma Trabalhista de Michel Temer (MDB-SP), e os aprendizes.

O contrato intermitente é contabilizado pelo Caged apesar de permitir que o patrão chame o trabalhador apenas quando precisar. Pode ser apenas nos fins de semana, por exemplo, ou quando a produção aumentar. O empregado não trabalha os 21 dias úteis de cada mês e pode ganhar menos de um salário mínimo (R$ 1.212) por mês.

“O novo Caged rompe com qualquer abordagem comparativa com o passado. Os dados apresentados não podem ser comparados com outra série histórica de emprego quando o país estava bem economicamente”, ressalta Pochmann.

Redação CUT

Foto Roberto Parizotti

Vendas de veículos usados retraem 18,1% no semestre

O setor de veículos usados fechou o semestre com queda de 18,1% nas vendas. A atividade contou com um momento de recuperação em maio -melhor mês do ano no segmento -, mas com menos dias úteis em junho voltou a cair em junho (2,1%). Os dados são da Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave).

“Apesar da retração no mês, o volume foi próximo ao registrado em maio, que teve o melhor desempenho no ano até o momento. Vale destacar que o resultado nas vendas diárias foi positivo, em 4%, para Automóveis e Comerciais Leves”, afirmou o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Jr.

Segundo ele, como muitos usados viram forma de pagamento na compra de um veículo novo, a queda na oferta de modelos 0km, por conta ainda da crise de abastecimento global, ainda impactando seminovos e usados. “Um agravante é a exigibilidade com relação a análise de crédito para esse mercado, que tem enfrentado maior restrição na liberação de financiamentos”, completa.

Redação Bahia.ba

Foto reprodução Fenabrave