Tempos de destruição trabalhista: país teve mais de mil greves em 2022

O país registrou 1.067 greves em 2022, segundo acompanhamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A comparação com os dois anos anteriores é prejudicada devido à pandemia, e o número é próximo ao de 2019. Mas o instituto aponta a existência de um fenômeno ao qual chama de “profilaxia econômica” em larga escala. Foi como se empresas e governos aproveitassem o momento conturbado para ampliar terceirizações e vínculos precários.

Medida “alardeada como simples bom-senso pelos discursos hegemônicos, mas que, do ponto de vista dos trabalhadores – em especial dos direitos que asseguram a sua condição – é inteiramente destrutiva”. O Dieese cita como exemplos a “terceirização forçada” no Santander, a extinção da Proguaru (de prestação de serviços de limpeza em Guarulhos, na Grande São Paulo) e a privatização do metrô em Belo Horizonte.

A maioria (59%) das greves se concentrou no setor público, entre funcionalismo (54%, com 70% das horas paradas) e estatais (5%), com 40% no segmento privado e quase 1% em ambas as áreas. Além disso, a maioria foi de curta duração: 55% das greves terminaram no mesmo dia em que foram decretadas. As chamadas paralisações de advertência representaram 46% do total. Já 14% duraram mais de 10 dias.

Greves “defensivas”

De acordo com o Dieese, em 81% das greves de 2022 estavam presentes itens de caráter defensivo. Ou seja, para manter o conteúdo de acordos ou denunciar o descumprimento de direitos (51%). Entre os temas mais constantes, estavam reajuste (42%) e pagamento de piso salarial (27%). Questões relacionadas a alimentação (tíquete, cesta básica) e atraso de pagamento (salário, 13º, férias) representaram 20% cada.

Na administração pública, de 580 greves registradas, 430 (74%) foram em nível municipal, 109 (19%) eram de servidores estaduais e 37% (pouco mais de 6%), federais (31 no Executivo), além daquelas consideradas multinível. A maioria foi de paralisações defensivas. O Dieese destaca movimentos na educação, em defesa do piso da categoria, e relacionadas ao orçamento, pela “espantosa inabilidade” dos poderes.

Maioria nos serviços

Por sua vez, no setor privado, de 426 greves, 285 (67%) ocorreram no setor de serviços e 136 (32%), na indústria. As paralisações no comércio (três) e a área rural (duas) não chegaram a 1%. Mais de 80% foram defensivas.

Redação CUT

Sindicato alerta trabalhadores sobre perigo da isenção de pneus importados

Diretores do Sindborracha se reuniram com os trabalhadores da Continental e da Bridgestone, nesta terça e quarta-feira (14 e 15), respectivamente, em Camaçari, para explicar as sérias consequências da portaria publicada pelo ministério da economia em janeiro de 2021, sobre a isenção de pneus importados.

De acordo com os dirigentes, a retirada da alíquota de importação para pneus do transporte de carga, que antes era 16%, impacta diretamente do setor, principalmente em relação aos empregos. Isso sem contar com o impacto ambiental, em função do descarte desses pneus produzidos em outros países.

Para isso, a categoria se reuniu no último dia 10, em São Paulo, com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, com documentações e informações necessárias, a fim de que seja revista a portaria que zerou a taxa de importação o mais rápido possível. A expectativa agora é de nova reunião com os ministros da Economia, Fernando Haddad, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

Trabalhadores da borracha se reuniram com ministro do Trabalho nesta sexta

Os trabalhadores dos ramos químico e de pneumáticos se reuniram nesta sexta (10), com o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para discutir temas de fundamental importância para o setor. O encontro ocorreu na sede da FEQUIM-FAR (Federação dos Químicos do Estado de São Paulo) e contou com a presença de várias lideranças empresariais e  sindicais do setor, como os dirigentes do Sindborracha de Salvador e Regiao Metropolitana,  Josué Pereira e Jotemildo Mário.

Dirigentes do Sindborracha com o Ministro e o presidente da Federação

A principal demanda discutida foi a necessidade da revisão imediata da resolução que zerou a alíquota de importação para pneus do transporte de carga, tendo em vista os impactos causados pela medida intempestiva em relação à manutenção dos empregos, e do parque industrial do setor instalado em nosso país. Ainda na pauta, os danos ambientais em função do descarte desses pneus produzidos em outros países. O ministro ouviu atentamente os dados apresentados pelo presidente da Fenabor (Federação Nacional da Borracha), Márcio Ferreira, bem como pelos representantes da ANIP (Sr. Klaus Curt) e a ABRIARB (Sr. Reynaldo Megna), comprometendo-se a defender os pleitos apresentados.

Com informações da Fenabor

Diretoria do Sindborracha vai à Continental cobrar melhores condições de trabalho

Na última terça-feira (7), diretores do Sindborracha estiveram na fábrica da Continental em Camaçari, onde se reuniram com a chefe de RH da empresa e o chefe de produção (setor da Misturação), para tratar de assuntos relacionados a área. Ainda na pauta, soluções para os problemas constantes que vêm ocorrendo no setor e que colocam a segurança dos trabalhadores em risco, falta de ventilação e vazamento de óleos e químicos pela área.

Durante a reunião, os dirigentes questionaram a empresa sobre as paradas frequentes no elevador de carga, assim como a previsão para instalação de outro elevador adicional. Além disso, foi sinalizada a condição precária de algumas empilhadeiras e paleteiras em outros setores da fábrica, o que caracteriza uma condição de trabalho inseguro. A empresa se comprometeu em atender as reivindicações do Sindicato e garantiu que a segurança do trabalhador vem em primeiro lugar.

Na oportunidade, o médico do trabalho da unidade falou sobre a previsão do início da aplicação da vacina contra gripe e os cuidados com a saúde mental dos trabalhadores, com atendimento psicológico presencial na fábrica e por telefone através do 0800, em caso de emergência, que funciona 24h.

O Sindborracha segue firme na busca de melhorias para a classe, além de fiscalizar de perto as ações que foram cobradas.

Dos 513 deputados que assumem nesta 4ª, só 5,26% são pretos

As mulheres, que representam 51,1% da população do país vão ocupar apenas 90 cadeiras da Casa, cerca de 17% das vagas

As mulheres, que representam 51,1% da população do país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão ocupar apenas 90 cadeiras da Casa, cerca de 17% das vagas.

Já os homens, que representam 48,9% da população, segunda a PNAD Contínua, ficarão com 83% dos assentos da Câmara dos Deputados. E segundo reportagem do Congresso em Foco, o perfil desses parlamentares mostra a desigualdade social na Casa do povo.

Confira o perfil desses deputados brancos:

– têm mais de 50 anos

– têm ensino superior completo

– são donos de um patrimônio acima de R$ 2 milhões

– são filiados a partidos de centro-direita ou direita.

Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pela Constituição, deputados federais representam o povo e senadores, os estados. O perfil da nova Câmara, no entanto, em muito se difere da realidade brasileiro comum e escancara a profunda desigualdade social e política do país, destaca o Congresso em Foco.

Também é grande a disparidade no recorte racial: 72,12% dos deputados se autodeclararam brancos à Justiça eleitoral. Segundo a mesma PNAD Contínua, 43% dos brasileiros assim se definem.

Se os pardos são 47% da população, na Câmara serão 20,8%.

Já os pretos, 5,26% dos deputados, são 9,1% das pessoas do país.

Os indígenas, cerca de 0,4% dos brasileiros, vão ocupar menos de 1% das cadeiras.

De maneira inédita, tomarão posse quatro deputadas indígenas: Sônia Guajajara (Psol-SP), Juliana Cardoso (PT-SP), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

E pela primeira vez o país terá uma deputada trans, a paulista Erika Hilton (Psol).

Escolaridade

Ainda é acentuado o contraste na educação. Chega a 82% o índice dos deputados empossados nesta quarta-feira com formação superior completa. Outros 8% entraram na faculdade, mas não concluíram o curso. Quatro deputados não têm o ensino fundamental completo (0,8%).

Embora seja um direito consagrado a todos pela Constituição, a educação ainda está longe da realidade da grande maioria da população. De acordo com a PNAD Contínua de 2019, 6,8% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos, ou seja, 11 milhões de pessoas. A maior parte dos brasileiros (46,6%) acima de 25 anos tem instrução até o ensino fundamental completo. Apenas 17,4% concluíram a faculdade e têm ensino superior completo, a exemplo da maior parte dos deputados.

Concentração de renda

A concentração de renda também distancia representantes de representados. De acordo com informações prestadas pelos então candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 232 (45%) dos deputados têm patrimônio declarado acima de R$ 1 milhão. Outros 26 têm entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões em bens. Segundo o IBGE, 90% dos brasileiros ganham por mês menos de R$ 3,5 mil. Em 2021, a renda média mensal domiciliar per capita foi de R$ 1.353.

Deputados com idade entre 51 e 60 anos representam o grupo mais numeroso da nova Câmara. Estão nessa faixa 120 deles (24%). Outros 21% têm entre 61 e 87 anos. Aqueles com até 30 anos somam 4,8% dos parlamentares. A PNAD Contínua mostra que, em 2021, a faixa entre 50 e 59 anos, mais representativa entre os deputados, somava 11,4% da população.

A posição ideológica da maioria da Casa contrasta com pesquisa feita pelo Datafolha em 2022 que revelou que 49% dos brasileiros se identificavam como de esquerda. Outros 34%, como de direita, e 17%, como de centro. Na nova Câmara, os partidos do Centrão e de centro-direita ocuparão mais da metade das cadeiras, cerca de 270 (53%) das 513.

Redação CUT

Foto Roque Sá/Agência Senado