Sindicato ajuda a fortalecer a economia da cidade

Com os avanços e da garantia das conquistas a cada processo de negociação com o patronato, o Sindborracha de Camaçari, Salvador e Região Metropolitana contribui para a movimentação econômica do município. Afinal, parte do valor que os trabalhadores recebem de PLR todo ano, bem como o tíquete alimentação, são injetados no comércio local.

Além disso, através dos quase 40 convênios firmados com estabelecimentos e instituições, os associados têm acesso a serviços que talvez não tivessem sem essa ajuda e ainda conseguem economizar nesses itens e direcionar o dinheiro para outro fim. O que é um benefício comum a toda a cidade.

Atualmente, são cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos nas duas fábricas, com salários razoáveis. Desde que a Ford instalada na cidade foi fechada, esta tem sido a principal fonte de renda dos trabalhadores de Camaçari. Até porque o Pólo Petroquímico já não é mais tão atrativo como era antigamente.

Avanços nos acordos coletivos são históricos

O Sindicato dos Trabalhadores em Artefatos de Borracha de Camaçari e Simões surgiu pela necessidade de conquistar bons acordos coletivos para os trabalhadores, já que os anteriores não atendiam às reais demandas. E foram muitos os avanços e as melhorias garantidas nos processos de negociação com as empresas ano a ano. Os mais notórios são a PLR, que deu um salto para R$ 5 mil, no acordo coletivo de 2009. Esse foi um grande passo que o sindicato deu nas negociações na época. Atualmente, o benefício é de R$ 12 mil em ambas as empresas. Um ganho para a categoria, que o sindicato tem conseguido, não só manter, como ampliar ao longo dos anos.

Ainda nas cláusulas econômicas, o aumento real de salário, que hoje beira os R$ 3.200 para o teto operacional. Quando as empresas se instalaram em Camaçari – Continental em 2006 e Bridgestone em 2007 – o valor era de R$ 550 reais. Além disso, os benefícios eram quase inexistentes.

“Saímos, praticamente de zero para o patamar atual, que é bastante positivo para a categoria”, ponderou o presidente do Sindborracha, Josué da Purificação, que já está na terceira gestão à frente da entidade. Importante peça-chave na greve de 2012, Josué foi indicado pelos colegas da diretoria para assumir a presidência, em janeiro de 2013, após o falecimento de Clodoaldo naquele mesmo ano.

Firmado como entidade sindical representativa, a diretoria do Sindborracha fez uma pesquisa nas cidades da Região Metropolitana de Salvador e percebeu que não tinham representação. No intuito de expandir os direitos da categoria para esses trabalhadores, ampliou a base para Camaçari, Salvador e Região Metropolitana, em 2017. Atualmente, a base é composta por 60% dos trabalhadores do ramo na região.

Os próximos passos são estudar a estratégia para o período da data-base que se aproxima, para manter o histórico de bons acordos coletivos.

Dez anos da maior greve do setor de pneumáticos do país

O ano de 2012 ficará marcado para sempre na vida dos trabalhadores de Camaçari e Simões Filho e, principalmente, na história do sindicato. Isso porque foi naquele ano que a entidade conseguiu mobilizar a base e fazer a maior greve do setor pneumático brasileiro, que começou em 30 de junho e terminou no dia 22 de agosto.

A motivação da categoria para cruzar os braços por 52 dias foi o assédio moral constante e insuportável vivido diariamente no chão de fábrica. As lideranças tinham vindo da planta de São Paulo e tinha outra forma de lidar com os funcionários da Bridgestone. Era à base da ameaça, assédio e chantagem. O que logo se tornou insustentável.

Cansados de serem maltratados, os trabalhadores começaram a sinalizar para a diretoria. Mas, não foram atendidos. Para agravar ainda mais a situação, no período da data-base, as conversas com o patronato não evoluíram. Na pauta, aumento real de 2%, PPR de 9 mil, adicional noturno de 40%, adicional de turno de 20% e cesta básica. Para obrigar a diretoria a avançar no processo negocial, começaram a fazer paralisações de meio turno a cada turno.

Sem êxito, decidiram deflagrar a greve, apoiados por todos os sindicatos cutistas de Salvador e toda a Região Metropolitana. Mas, a empresa se mostrou intransigente, na tentativa de enfraquecer o sindicato.

Um dia que marcou este processo foi quando os trabalhadores foram andando da Bridgestone até o prédio da Justiça do Trabalho, no Centro de Camaçari, carregando um caixão, que depois foi queimado pelos manifestantes na frente da fábrica. Durante os 52 dias de greve na Bridgestone, o policiamento era constante e os trabalhadores eram ameaçados todos os dias pelos policiais.

Ao final, o acordo foi fechado com poucos avanços econômicos e funcionários demitidos, mas com grandes mudanças na relação empresa X trabalhador. Uma parte da diretoria da unidade foi demitida, como diretor-geral, gerente de relações trabalhistas, de assuntos jurídicos e do RH. Foram iniciados treinamentos para as chefias, além de terem sido instalados espaço para descanso pós-almoço, máquinas de café.

Sindborracha: 15 anos fazendo história no mundo sindical

Era março de 2007. E, no dia 17 daquele mês, funcionários da Bridgestone, da Continental e da IPB ofi cializaram a criação do Sindicato dos Trabalhadores dos Artefatos de Borracha de Camaçari e Simões Filho.

No ato de fundação, foi assumido o compromisso de atuar na defesa dos direitos e interesses da categoria, da democracia, da ética e da moral, sempre respeitando o Estatuto da entidade, aprovado no mesmo dia. Para os trabalhadores, o ato de criação da entidade representativa foi um marco histórico e vitorioso, conforme documentado em ata.

Na assembleia, que aprovou a fundação do Sindborracha, também foi realizada a eleição e a posse da diretoria eleita, composta pelo presidente, Clodoaldo Bartolomeu Gomes, oito secretários e três integrantes do Conselho Fiscal. O mandato previsto era de três anos, como é praticado até hoje, e a primeira sede funcionava na avenida Eixo Urbano Central.

Antes da existência do Sindborracha de Camaçari e Simões Filho, a categoria era base do sindicato de Feira de Santana. Mas, insatisfeitos com os acordos firmados com o patronato e a condução das negociações, os colaboradores das fábricas de Camaçari – Bridgestone, Continental e IPB – decidiram desmembrar a base e fundar uma entidade que os representasse de verdade.

E Clodoaldo, que era um verdadeiro líder, foi fundamental nesse processo. Não à toa, foi indicado para assumir a presidência naquele momento. E, assim, seguiu até 2012, quando faleceu e deixou o seu legado de defender os interesses dos trabalhadores acima de tudo.

Ao longo dos anos, o Sindicato foi se firmando como entidade representativa, e, em 2017, ampliou a base, passando a englobar Salvador e Região Metropolitana.