Em entrevista à Rádio Jangadeiro Band News de Fortaleza, no último dia 7, Lula lembrou que, para conter a inflação, é preciso haver previsibilidade, credibilidade e colocar a economia para andar, e tudo isso está em falta no Palácio do Planalto. “Não temos uma inflação de consumo, 50% são pelos preços administrados pelo governo, preços que o governo poderia controlar e não está controlando”, apontou.
Lula criticou ainda a suspensão da construção de refinarias e disse que os preços dos combustíveis precisam ser “abrasileirados”, porque o país é autossuficiente. “Quando fatiaram a BR Distribuidora, disseram que iria ter mais concorrência. Hoje temos 392 empresas importando gasolina e vendendo a preço internacional”, afirmou.
“Hoje, as pessoas estão comendo menos, comprando menos, com baixa renda, desempregadas, a carestia voltou, a fome voltou no Brasil. Um país que é produtor de alimentos ter 19 milhões de pessoas num estado de fome, isso não pode acontecer”, disse a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em entrevista à Globo News no dia seguinte à conversa de Lula.
A volta da carestia, palavra que havia caído em desuso, e da fome, que havia sido reduzida ao piso histórico antes do golpe, ocorre por obra de Jair Bolsonaro, que em seu primeiro dia de mandato extinguiu com uma canetada o Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), recriado por Lula em 2003.
Bolsonaro também fechou as portas da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, iniciando um período de perseguição às cadeias de produção com base na agricultura familiar, responsáveis pela maior parte dos alimentos que chegam à mesa das famílias. Acabou com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e fez as áreas plantadas com feijão, arroz e mandioca caírem ao menor nível desde 1976.
E não extinguiu, mas zerou os estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e abriu mão de mediar preços da cesta básica por meio da Conab, abandonando as populações mais pobres à “lei do mercado”. Em julho de 2010, sob Lula, a Conab chegou a ter mais de 5,5 milhões de toneladas de milho armazenadas. Em 2012, sob Dilma Rousseff, eram 1,5 milhão de toneladas de arroz armazenadas.
O ataque ao Sistema Petrobras também foi voraz. O desgoverno Bolsonaro fechou a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) no Paraná, não concluiu a fábrica do Mato Grosso do Sul e paralisou atividades em outras duas fábricas, uma em Sergipe e outra na Bahia, para depois arrendá-las. Com isso, tornou o Brasil completamente dependente de insumos agrícolas importados. Em 2006, sob Lula, o país importava 58% da demanda por fertilizantes de seus agricultores e produzia 42%.
A maior distribuidora de combustíveis do Brasil (BR) foi fatiada na Bovespa, assim como uma série de ativos da Petrobras. A primeira refinaria do país, Landulpho Alves (RLAM), criada em 1950 após a descoberta de petróleo que gerou a Petrobras, hoje não pertence mais ao povo brasileiro, e vende seus produtos mais caros que a própria estatal.
Redação pt.ogr.br