Participação de pneus importados no mercado brasileiro cresceu 30% em oito anos

Nos primeiros cinco meses de 2017 pouco mais de 70% do mercado brasileiro era dominado por pneus fabricados localmente, cabendo aos estrangeiros fatia de 29%. Neste mesmo período, em 2020, quando eclodiu a pandemia, o porcentual reduziu para 25%. No ano seguinte, porém, foi a 33%, em 2022 a 41%, em 2023 a 52% – quando a curva se inverteu e importados passaram a predominar sobre os produtos locais. Até maio esta participação ganhou força e chegou a 59%.

O reflexo imediato é a queda acumulada de 12,2% no volume nacional comercializado, de acordo com a Anip, sendo que de janeiro a abril esta redução era de 10%. De janeiro a maio foram vendidos 20,4 milhões de unidades, contra 23,1 milhões no mesmo período do ano passado. Os dados oficiais do balanço deverão ser divulgados no início de julho.

Sobre que projeção é possível fazer para este ano o presidente da Anip, Klaus Curt Müller, respondeu, em entrevista a Agência AutoData, que tudo dependerá da ratificação da medida emergencial para que a indústria de pneumáticos enxergue a possibilidade de voltar a crescer.

“Se não for aprovada nossa projeção é continuar a cair mais enquanto os preços dos importados se mantiverem abaixo do mercado. Diante dessa deslealdade nossa projeção será horrorosa. Com alguma mudança podemos estancar a queda, pensar em recuperação e em retomar níveis parecidos com 2021 e 2022.”

Não significa que o segmento fecharia 2024 no azul, pois há grande quantidade de pneus importados em estoque, apontou Müller. Se em sessenta ou noventa dias houver alteração nas regras do jogo o dirigente acredita que o setor terminará o ano se recuperando, mas que ainda assim será um ano ruim.

Quanto ao Mover, Programa de Mobilidade Verde e Inovação, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira, 27 de junho, o setor deixou de ganhar força a partir da retirada de emenda que incluía as fabricantes de pneus. Proposta incluída no Senado e retirada na Câmara dizia que o Executivo deveria estabelecer conteúdo mínimo nacional verde a fim de evitar que o setor fosse fechado pela concorrência desleal dos produtos estrangeiros, menos sustentáveis.

Sendo assim o reflexo da aprovação do Mover para as empresas fabricantes de pneumáticos ficará por conta do crescimento da indústria automotiva e, consequentemente, da maior demanda por pneus. O maior problema, no entanto, é a reposição, maior parte do mercado, responsável por cerca de 75% das vendas, e em que as importadoras atuam fortemente.

Novos investimentos do setor serão avaliados com base na realidade atual

Segundo Müller algumas fabricantes chegaram a investir de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões nos últimos cinco anos mas novos aportes, embora estejam no planejamento, são discutidos com base na realidade atual:

“Nós já temos capacidade produtiva para atender a este crescimento do automotivo, já trabalhamos com mais de 3 milhões de veículos. Só que hoje há uma queda muito grande na reposição.”

De acordo com ele novos movimentos que deverão dedicar aportes na indústria serão para atender aos híbridos e elétricos, que trarão outras exigências a serem organizadas e alinhadas com a realidade no Brasil.

Quanto às exportações, que giram em torno de 20% a 25%, Müller não vê a possibilidade de ampliar estes porcentuais uma vez que os mercados externos já estão sob o controle das marcas presentes no mundo todo e que fabricam aqui também, mas que exportam de outras regiões.

“A exportação acontece, é mantida, mas ela não tem sido uma válvula de escape para a nossa produção. Não é a saída, mesmo porque a gente sabe que o Brasil não é um país pródigo em custo”.

Fonte: autodata.com.br

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