O verdadeiro lado sombrio de Bolsonaro, avesso à importância da educação na vida dos brasileiros e brasileiras, realiza um corte de 96% do orçamento para 2023 na educação infantil e 34% na educação básica, com redução de R$ 1,096 bilhão no programa “Educação básica de qualidade”, em comparação com 2022.
De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), enviado por Bolsonaro ao Congresso Nacional em 31 agosto, os maiores cortes são na educação infantil, com projeção de R$ 5 bilhões para 2023, uma redução de 96% comparado ao ano de 2021.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) também será afetada, com previsão de R$ 16,8 bilhões para 2023, um corte brusco de 56% em relação a 2021.
Menos verba em 11 anos
Dados compilados pelas consultorias de orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado Federal apontam que a educação básica teve a menor previsão de verba dos últimos 11 anos.
A navalha de Bolsonaro afeta a maior parte da vida escolar dos alunos, que engloba a educação infantil, os ensinos fundamental e médio.
Além do corte orçamentário, os estudantes dessas etapas de ensino ainda sofrem sequelas da pandemia da Covid-19, quando foram fortemente impactados com as escolas fechadas. Além disso, a maioria dos alunos não conseguiu ter suporte necessário para o ensino remoto.
Durante a pandemia, a evasão escolar atingiu mais de 2 milhões de alunos. Segundo uma pesquisa de setembro de 2022 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 11% das crianças e adolescentes entre 11 e 19 anos estão fora da escola no Brasil.
Cortes sistemáticos
Em entrevista à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirma que além da redução do orçamento previsto para o ano que vem, quando retirada a complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FNDE), que está fora do teto de gastos, a previsão de recursos para a educação no orçamento cai mais de R$ 7 bilhões.
São cortes sistemáticos que estão dentro de um projeto que consiste em transferir dinheiro das áreas sociais para outras áreas que beneficiam amigos do presidente, como não cobrar multas para quem comete crime ambiental e reduzir recursos sociais, e retirar dinheiro da saúde e da cultura, que são as principais formas de sobreviver e expressar do nosso povo”, explica.
Em infraestrutura e sem merenda
A avalanche de destruição do governo de Bolsonaro propõe ainda a redução de 97% em recursos para a infraestrutura de escolas. O dinheiro destinado para a construção, ampliação, reforma e adequação de escolas caiu de R$ 119,1 milhões para R$ 3,45 milhões.
Esse orçamento também seria usado para compra de mobiliário e outros equipamentos. Com o dinheiro reservado deixado por Bolsonaro, os estudantes só podem contar com a compra de apenas um ônibus escolar.
Estão previstos R$ 425 mil para este fim em 2023, recurso suficiente para comprar um veículo. A queda no valor representa 95% na comparação com este ano.
Além de iniciar o próximo ano sem escolas com uma boa infraestrutura, os estudantes também não terão alimento suficiente. Isso porque Bolsonaro vetou o reajuste de 34% ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que levará a prejuízos financeiros na ordem de R$ 1,4 bilhão por ano aos estados.
Redação pt.org.br
Foto site nova escola