Toyota anuncia fechamento de fábrica histórica no Brasil

Toyota do Brasil anunciou na tarde de desta terça-feira, 5, que vai fechar sua fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e transferir as operações para as unidades de Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, no interior de São Paulo.

A planta mais antiga do grupo – e a primeira da montadora fora do Japão – foi inaugurada em 1962 para a produção do icônico jipe Bandeirante, modelo que ficou em linha por quase 40 anos. Hoje produz componentes para veículos das outras unidades brasileiras e para exportação à Argentina e Estados Unidos.

Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC dizem que foram pegos de surpresa com uma carta enviada pela Toyota no início da tarde. Foram então para os portões da fábrica conversar com os 550 trabalhadores. Amanhã será realizada, às 6h, uma assembleia para definir ações na tentativa de reverter a decisão.

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, também foi informado da mudança nesta terça-feira e lamentou o fato. Ele afirma que vai procurar o presidente da montadora no Brasil, Rafael Chang, também para tentar convencer o grupo a permanecer na cidade. No fim de 2019 o município perdeu a fábrica da Ford e no local está sendo construído um centro de logística.

A Toyota informa que a mudança será feita de forma gradual a partir de dezembro, com conclusão prevista para novembro de 2023. Os funcionários que quiserem poderão ser transferidos para as outras unidades do grupo. Ao final do processo a área será vendida.

Segundo a Toyota, a transferência visa maior sinergia entre suas unidades produtivas e faz parte de um plano de busca por mais competitividade frente aos desafios do mercado brasileiro e da sustentabilidade dos negócios no País, além de responder às rápidas mudanças do ambiente externo.

A empresa afirma que testou diversas possibilidades, no entanto a mais viável foi o fechamento. “A transferência é necessária para aumentar nossa competitividade; concentrando a produção em três plantas produtivas otimizaremos a infraestrutura, mantendo nossos níveis de produção e de mão de obra”, assinala.

Fonte Estadão

Categoria aprova pauta e Sindicato inicia negociações

O documento foi entregue à Bridgestone no mês passado. Na Continental, a abertura do processo negocial está prevista para o dia 18

Como acontece em todo ano de negociação com as empresas para o acordo coletivo da categoria, a diretoria do Sindborracha se antecipou e já deu início ao processo de negociação, mesmo a data-base sendo 1º de junho. Após apresentar a pauta de reivindicações em assembleias nas três turmas na Bridgestone, no último dia 18 de março, foi dado início às discussões, em reunião ocorrida em Salvador, com os representantes da empresa, com a entrega da pauta.

Agora, a categoria aguarda a marcação de nova rodada de discussões com a Bridgestone. A data deve ser anunciada nos próximos dias. Enquanto isso, a diretoria do Sindicato se prepara para a abertura do processo negocial com a Continental, cuja reunião de abertura está marcada para o próximo dia 18 de abril, em Salvador.

Na pauta, além da manutenção de todas as cláusulas dos acordos anteriores, é reivindicado: reajuste salarial de acordo com a inflação, aumento real de 3%, tíquete alimentação de R$ 570, Participação nos Lucros de R$ 15 mil, incentivo à educação, com doação de kit escolar para filhos dos funcionários de 2 a 15 anos, revisão de salário e função uma vez por ano, auxílio para filhos com necessidades especiais, não desconto do saldo do plano de saúde em caso de demissão, não contabilização dos dias 24, 25 e 31/12 e 1º/01 quando as férias coletivas forem em dezembro.

Sindicato ajuda a fortalecer a economia da cidade

Com os avanços e da garantia das conquistas a cada processo de negociação com o patronato, o Sindborracha de Camaçari, Salvador e Região Metropolitana contribui para a movimentação econômica do município. Afinal, parte do valor que os trabalhadores recebem de PLR todo ano, bem como o tíquete alimentação, são injetados no comércio local.

Além disso, através dos quase 40 convênios firmados com estabelecimentos e instituições, os associados têm acesso a serviços que talvez não tivessem sem essa ajuda e ainda conseguem economizar nesses itens e direcionar o dinheiro para outro fim. O que é um benefício comum a toda a cidade.

Atualmente, são cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos nas duas fábricas, com salários razoáveis. Desde que a Ford instalada na cidade foi fechada, esta tem sido a principal fonte de renda dos trabalhadores de Camaçari. Até porque o Pólo Petroquímico já não é mais tão atrativo como era antigamente.

Avanços nos acordos coletivos são históricos

O Sindicato dos Trabalhadores em Artefatos de Borracha de Camaçari e Simões surgiu pela necessidade de conquistar bons acordos coletivos para os trabalhadores, já que os anteriores não atendiam às reais demandas. E foram muitos os avanços e as melhorias garantidas nos processos de negociação com as empresas ano a ano. Os mais notórios são a PLR, que deu um salto para R$ 5 mil, no acordo coletivo de 2009. Esse foi um grande passo que o sindicato deu nas negociações na época. Atualmente, o benefício é de R$ 12 mil em ambas as empresas. Um ganho para a categoria, que o sindicato tem conseguido, não só manter, como ampliar ao longo dos anos.

Ainda nas cláusulas econômicas, o aumento real de salário, que hoje beira os R$ 3.200 para o teto operacional. Quando as empresas se instalaram em Camaçari – Continental em 2006 e Bridgestone em 2007 – o valor era de R$ 550 reais. Além disso, os benefícios eram quase inexistentes.

“Saímos, praticamente de zero para o patamar atual, que é bastante positivo para a categoria”, ponderou o presidente do Sindborracha, Josué da Purificação, que já está na terceira gestão à frente da entidade. Importante peça-chave na greve de 2012, Josué foi indicado pelos colegas da diretoria para assumir a presidência, em janeiro de 2013, após o falecimento de Clodoaldo naquele mesmo ano.

Firmado como entidade sindical representativa, a diretoria do Sindborracha fez uma pesquisa nas cidades da Região Metropolitana de Salvador e percebeu que não tinham representação. No intuito de expandir os direitos da categoria para esses trabalhadores, ampliou a base para Camaçari, Salvador e Região Metropolitana, em 2017. Atualmente, a base é composta por 60% dos trabalhadores do ramo na região.

Os próximos passos são estudar a estratégia para o período da data-base que se aproxima, para manter o histórico de bons acordos coletivos.

Dez anos da maior greve do setor de pneumáticos do país

O ano de 2012 ficará marcado para sempre na vida dos trabalhadores de Camaçari e Simões Filho e, principalmente, na história do sindicato. Isso porque foi naquele ano que a entidade conseguiu mobilizar a base e fazer a maior greve do setor pneumático brasileiro, que começou em 30 de junho e terminou no dia 22 de agosto.

A motivação da categoria para cruzar os braços por 52 dias foi o assédio moral constante e insuportável vivido diariamente no chão de fábrica. As lideranças tinham vindo da planta de São Paulo e tinha outra forma de lidar com os funcionários da Bridgestone. Era à base da ameaça, assédio e chantagem. O que logo se tornou insustentável.

Cansados de serem maltratados, os trabalhadores começaram a sinalizar para a diretoria. Mas, não foram atendidos. Para agravar ainda mais a situação, no período da data-base, as conversas com o patronato não evoluíram. Na pauta, aumento real de 2%, PPR de 9 mil, adicional noturno de 40%, adicional de turno de 20% e cesta básica. Para obrigar a diretoria a avançar no processo negocial, começaram a fazer paralisações de meio turno a cada turno.

Sem êxito, decidiram deflagrar a greve, apoiados por todos os sindicatos cutistas de Salvador e toda a Região Metropolitana. Mas, a empresa se mostrou intransigente, na tentativa de enfraquecer o sindicato.

Um dia que marcou este processo foi quando os trabalhadores foram andando da Bridgestone até o prédio da Justiça do Trabalho, no Centro de Camaçari, carregando um caixão, que depois foi queimado pelos manifestantes na frente da fábrica. Durante os 52 dias de greve na Bridgestone, o policiamento era constante e os trabalhadores eram ameaçados todos os dias pelos policiais.

Ao final, o acordo foi fechado com poucos avanços econômicos e funcionários demitidos, mas com grandes mudanças na relação empresa X trabalhador. Uma parte da diretoria da unidade foi demitida, como diretor-geral, gerente de relações trabalhistas, de assuntos jurídicos e do RH. Foram iniciados treinamentos para as chefias, além de terem sido instalados espaço para descanso pós-almoço, máquinas de café.

Sindborracha: 15 anos fazendo história no mundo sindical

Era março de 2007. E, no dia 17 daquele mês, funcionários da Bridgestone, da Continental e da IPB ofi cializaram a criação do Sindicato dos Trabalhadores dos Artefatos de Borracha de Camaçari e Simões Filho.

No ato de fundação, foi assumido o compromisso de atuar na defesa dos direitos e interesses da categoria, da democracia, da ética e da moral, sempre respeitando o Estatuto da entidade, aprovado no mesmo dia. Para os trabalhadores, o ato de criação da entidade representativa foi um marco histórico e vitorioso, conforme documentado em ata.

Na assembleia, que aprovou a fundação do Sindborracha, também foi realizada a eleição e a posse da diretoria eleita, composta pelo presidente, Clodoaldo Bartolomeu Gomes, oito secretários e três integrantes do Conselho Fiscal. O mandato previsto era de três anos, como é praticado até hoje, e a primeira sede funcionava na avenida Eixo Urbano Central.

Antes da existência do Sindborracha de Camaçari e Simões Filho, a categoria era base do sindicato de Feira de Santana. Mas, insatisfeitos com os acordos firmados com o patronato e a condução das negociações, os colaboradores das fábricas de Camaçari – Bridgestone, Continental e IPB – decidiram desmembrar a base e fundar uma entidade que os representasse de verdade.

E Clodoaldo, que era um verdadeiro líder, foi fundamental nesse processo. Não à toa, foi indicado para assumir a presidência naquele momento. E, assim, seguiu até 2012, quando faleceu e deixou o seu legado de defender os interesses dos trabalhadores acima de tudo.

Ao longo dos anos, o Sindicato foi se firmando como entidade representativa, e, em 2017, ampliou a base, passando a englobar Salvador e Região Metropolitana.