Importadores de veículos cresceram 8,7% em maio

As vendas de veículos importados tiveram alta de 8,7% em maio. É o que aponta o último ranking de emplacamentos das marcas filiadas à Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores).

De acordo com a associação, foram licenciadas 4.919 unidades, das quais 1.630 importadas e 3.289 de produção nacional. Em relação aos resultados de abril, a queda foi de 2,3%. Já comparando com os resultados de maio de 2021, a redução foi de 25,6%.

Considerando apenas os veículos importados, as associadas da Abeifa tiveram crescimento de 8,7% em relação a abril, mas houve redução de 28% ante maio de 2021. Naquela ocasião, foram vendidas 6.616 unidades.

Números contrastantes

No resultado acumulado, a Abeifa totaliza 24.223 unidades licenciadas, um volume 12% inferior ao registrado nos cinco primeiros meses do ano passado

A disparidade fica ainda maior separando os números de veículos importados e produzidos localmente. Enquanto os importados amargaram baixa de 33,2% (7.035 unidades este ano contra 10.528 veículos em 2021), a produção nacional teve crescimento de 1,1% (17.188 x 17.001 unidades).

Contabilizando as 4.919 unidades licenciadas (somando importados e produção nacional) em maio, as associadas à Abeifa ficaram com 2,8% de participação no mercado total de automóveis de passeio e comerciais leves (174.814 unidades).

Se considerarmos apenas as 1.630 unidades importadas, as empresas da Abeifa abocanharam apenas 0,9% do mercado interno brasileiro, ao passo que os 3.289 veículos produzidos no país significaram participação de 1,8%.

Volvo lidera entre importados e Caoa Chery domina nacionais

Entre as 11 associadas da Abeifa, a Volvo liderou entre as marcas importadas em maio com 582 unidades licenciadas. A Kia aparece logo atrás com 413 veículos emplacados, seguida por Porsche (260) e JAC Motors (160).

Apenas três das associadas produzem veículos no Brasil. Entre elas, a Caoa Chery é a líder com folga: em maio, a empresa vendeu 3.046 veículos, bem mais do que Land Rover (196 unidades) e Suzuki (47 carros).

Redação automotivebusiness.com.br

Pesquisa mostra que 90% dos brasileiros mudaram hábitos de consumo por conta da inflação

A alta na inflação vem sendo o aspecto mais democrático do atual governo, já que quase ninguém consegue escapar da escalada de preços — mais de 12% no acumulado dos últimos 12 meses e o maior índice para abril desde 1996 —, que atinge especialmente os mais pobres. Segundo uma pesquisa recente, nove em cada 10 brasileiros têm mudado seus hábitos de consumo por conta dessa subida.

Energia elétrica, água, combustíveis, gás, transporte e alimentação estão entre os itens em que os brasileiros estão consumindo menos ou de maneira mais controlada. O estudo, divulgado no início da semana pela CNN Brasil. foi feito pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), em parceria com a Euroconsumers.

Cerca de 70% dos entrevistados afirmaram que têm desligado ou usado eletrodomésticos menos frequentemente para economizar na conta de luz. O banho também tem sido impactado, com 41% afirmando que tomam menos banhos ou banhos mais curtos para controlar os gastos. Pelo menos 40% revelaram que têm tido problemas para pagar as despesas com eletricidade e gás.

O estudo também mostrou que 44,5% dos brasileiros hoje evitam usar o carro por causa dos preços dos combustíveis. Isso fez com que cerca de 33% dos entrevistados passassem a usar bicicletas para se deslocar. O transporte público também vem sendo mais utilizado.

A escalada dos preços também impacta diretamente na questão alimentícia. Cerca de 50% dos participantes da pesquisa afirmaram que passaram a comer menos carne bovina, frango e peixe, como forma de reduzir os gastos. Quase 65% disseram que passaram a comprar produtos de marcas mais baratas.

“Sabemos que a população mais impactada por esse aumento é a mais pobre, porque os alimentos representam boa parte da sua renda. Quando falamos da energia, por exemplo, as pessoas de classe alta também fazem cortes, diminuem uso de luz, de ar-condicionado. Mas quando o assunto são os alimentos, é muito provável que as pessoas mais ricas não deixem de consumir a carne e essa tendência se concentre entre os mais pobres”, afirmou o diretor da Proteste, Henrique Lian, em entrevista à CNN.

Por sua vez, o economista do Ibmec-RJ Gilberto Braga afirma que a alta nas contas de luz causada pela bandeira de escassez hídrica pode ter contribuído para essa mudança de hábitos. “As contas de água, de luz e de gás são números que estão na mira dos brasileiros nesse momento que precisam cortar custos. A própria sobretaxa na conta que terminou recentemente ajudou os brasileiros a se conscientizarem da necessidade do uso mais econômico e racional da energia”, disse ele.

Sem reservas econômicas

A pesquisa também perguntou para os participantes sobre as reservas financeiras que eles teriam à disposição para enfrentar novas altas de preços. Cerca de 58% disseram não ter nenhuma economia, 38% têm um pouco de dinheiro na poupança e apenas 4% têm boas reservas. Além disso, mais de 70% dizem temer gastar por medo de tempos mais difíceis.

Para Braga, esse cenário de pouca poupança está diretamente ligado à pandemia de Covid-19. “Muitos brasileiros tiveram que gastar as reservas financeiras. A família que vive só de salário e que não tem uma remuneração elevada foi obrigada a usar essas reservas, ou porque teve perda de renda, ou foi demitida, ou teve a jornada de trabalho reduzida. Então é natural que esses recursos fossem utilizados nesse período, porque era mesmo esse o objetivo da poupança”, afirmou o economista.

Dos entrevistados, 39% disseram que sua situação financeira está pior este ano, 45% responderam que está igual e 16% viram uma melhora. Ainda, 70% disseram que acreditam que os preços dos combustíveis, eletricidade e gás já vinham crescendo no Brasil antes do início da guerra na Ucrânia, a desculpa mais recente do governo, e 86% acham que os valores subiram sem relação com o conflito na Europa.

Em uma entrevista recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o uso da guerra como desculpa para a inflação no Brasil. “Não é verdade que a guerra da Ucrânia tem influência nos preços aqui no Brasil, 50% da inflação brasileira é da responsabilidade dos preços controlados pelo governo. É energia elétrica, óleo diesel, gás de cozinha e gasolina. Então, o governo que crie vergonha e tenha a coragem de dizer para a Petrobras que os preços não serão internacionalizados, que um botijão de gás ele pode fazer parte da cesta básica, ele não pode ser vendido a R$ 150,00, ninguém pode gastar 15% do salário mínimo para poder cozinhar comida”, ressaltou ele.

Redação lula.com.br

Fome voltou ao Brasil a partir do golpe de 2016, afirmam economistas

Ao contrário do que diz reportagem da Folha de S.Paulo, a fome no Brasil não começou em 2014, portanto, no governo da presidenta Dilma Rousseff. A fome voltou depois do golpe de 2016 – que sempre foi contra o povo, como denunciou a CUT -, afirmaram as economistas Tereza Campello e Sandra Brandão, em artigo publicado no mesmo jornal, nesta sexta-feira (3).

“A fome voltou ao Brasil a partir do golpe de 2016, que a um só tempo solapou a democracia e deu fim a um auspicioso período de construção de políticas de combate à fome e à pobreza e garantia de segurança alimentar”, escrevem Tereza Campello, que foi ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, nos governos da ex-presidente Dilma Rousseff; e Sandra Brandão, que foi chefe do Gabinete de Informações da Presidência da República de Dilma.

As autoras enfatizam que “em 2014, ao informar a saída do Brasil do Mapa da Fome, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) associou o feito histórico à estratégia que combinou aumento da oferta de alimentos e da renda dos mais pobres, geração de emprego, programas Bolsa Família e de merenda escolar à governança na área de segurança alimentar, com transparência e participação da sociedade”. Campello e Brandão denunciam: “Todos os programas dessa estratégia foram progressivamente fragilizados ou abandonados após o golpe de 2016”.

“Com Michel Temer e a emenda constitucional 95, que congelou os gastos sociais, teve início o desmonte da estratégia reconhecida pela ONU. O desemprego passou para a casa dos dois dígitos desde 2016 e cresceu a parcela de trabalhadores sem direitos trabalhistas e com renda baixa e instável. A reforma trabalhista não produziu mais emprego, mas resultou em mais precariedade e insegurança. A não correção dos benefícios do Bolsa Família diminuiu sua capacidade de sustentar a renda dessa parcela de brasileiras e brasileiros”.

“Com Jair Bolsonaro, o desmonte foi aprofundado. Ele extinguiu o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), espaço de participação social e debate das principais políticas de segurança alimentar do país. Não elaborou o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional para 2020-23 e paralisou a instância federal coordenadora de ações em diferentes setores, deixando a área acéfala”.

“Para superar a fome novamente, o Brasil precisará voltar a crescer, é certo, mas precisará também reconstruir e aprimorar políticas públicas”, concluem as autoras.

Redação CUT

TCU revela que Bolsonaro gastou R$ 21 milhões no cartão corporativo

O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou uma auditoria sigilosa nos gastos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da primeira-dama Michelle Bolsonaro e constatou que a família gastou R$ 21 milhões nos cartões corporativos – pagos com dinheiro público – entre janeiro de 2019, início de seu mandato, e março de 2021. Os dados foram publicados pela Veja, que teve acesso à auditoria.

Os auditores do TCU responderam a parte dos questionamentos feitos pelos brasileiros nos últimos meses, que consiste especialmente na pergunta: por que o governo Bolsonaro determinou sigilo de 100 anos em 99% dos gastos presidenciais com cartões corporativos?

Eles vasculharam arquivos dos recursos destinados a custear despesas de caráter secreto pagas com cartões corporativos, chamados de suprimento de fundos para responder os questionamentos e descobriram gastos milionários, por exemplo, com alimentação da família Bolsonaro e a do vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos).

De acordo com a Veja, os auditores do TCU descobriram, entre outras coisas, que só entre 2019 e 2021, Bolsonaro gastou R$ 2,6 milhões, supostamente para comprar comida para abastecer sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, e a da Mourão, o Palácio do Jaburu. Em média, foram gastos R$ 96,3 mil por mês, mas não se sabe quais alimentos foram comprados.

Com combustível, Bolsonaro gastou R$ 420,5 mil.

Com viagens, Bolsonaro, que já tirou 15 mini-férias, gastou R$ 16,5 milhões em hospedagem, fornecimento de alimentação e apoio operacional, em geral para participar de motociatas, passear de jet ski, assistir jogos de futebol e outras ‘agendas’ de lazer.

O TCU também concluiu que ministros utilizaram o avião presidencial para curtir feriados fora de Brasília ou assistir a partidas de futebol em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre os envolvidos estão Paulo Guedes (Economia), Fábio Faria (Comunicações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Redação CUT

Trabalhadores na Toyota aprovam proposta de PDV e condições de transferência

Também foi aprovado o pagamento de um bônus de permanência a todos os trabalhadores que continuarem na planta de São Bernardo até novembro de 2023

Em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira (3), os trabalhadores na Toyota, em São Bernardo, aprovaram a proposta negociada entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) e a empresa para transferência dos trabalhadores que optarem por ir para outra unidade da montadora. Além disso, a categoria também aprovou o Plano de Demissão Voluntária (PDV) para os metalúrgicos que escolherem sair da empresa, decorrentes da decisão de fechamento da unidade, anunciado pela montadora em 5 de abril deste ano e reiterado na última semana.

Para os trabalhadores que decidirem pela saída da empresa, o PDV tem como base 35 salários fixos com o acréscimo de mais um salário por ano trabalhado (considerando a data da saída), 12 meses de assistência médica e disponibilização de cursos profissionalizantes do SENAI e SENAC.

Aqueles que optarem pela transferência, receberão 2 salários nominais (já no ato da transferência), mais 2,4 salários nominais no caso de mudança de endereço, bônus de transferência e estabilidade até novembro de 2026. Caso o trabalhador opte pelo PDV entre o sexto e sétimo mês de transferência terá direito a 75% do valor que teria sido o PDV inicial. Também foi aprovado o pagamento de um bônus de permanência a todos os trabalhadores que continuarem na planta de São Bernardo até novembro de 2023, período que a empresa já havia anunciado como prazo limite para encerramento das atividades na cidade.

“Infelizmente a fábrica vai fechar, mas conseguimos um acordo que dá tranquilidade para os trabalhadores transferidos e que garante uma condição melhor para os que optarem por sair da fábrica”, afirmou o diretor Administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno.

Redação Confederação Nacional dos Metalúrgicos | CUT

STF vota a favor de perda de direitos negociados em acordos coletivos

Em mais um ataque aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, na noite desta quinta-feira (2), que normas de acordos e convenções coletivas podem limitar ou restringir direitos trabalhistas. Há exceção somente em relação ao que está assegurado pela Constituição Federal.

Esse foi o resultado do julgamento da ação que envolvia o chamado legislado versus negociado, aprovado durante a reforma Trabalhista do governo do ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), em 2017.

Este novo instrumento jurídico, legalizado após o julgamento de ontem, permite que acordos coletivos, em geral negociados entre empresas e sindicatos, em que são estipuladas condições de trabalho, reajustes salariais e outros benefícios, possam retirar direitos conquistados.

O ponto principal na ação julgada pelo STF é que em diversos acordos e convenções coletivas existem cláusulas benéficas aos trabalhadores que não estão contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e a Justiça do Trabalho normalmente autorizava que o negociado prevalecesse sobre o legislado, desde que não implicasse em retirada de diretos.

Os patrões pediram que esse critério fosse aplicado inversamente, ou seja, que a Justiça reconheça que os trabalhadores podem perder direitos. E os ministro do STF atenderam o pedido. Eles decidiram que normas de acordos e convenções coletivas podem limitar ou restringir direitos trabalhistas, com exceção do que está assegurado pela Constituição.

Ou seja, há exceção somente em relação ao que está assegurado pela Constituição federal e no que os Ministros consideram “patamar civilizatório mínimo”, o que inclui as convenções e tratados e os direitos fundamentais do trabalho.

A decisão foi proferida, ontem, em repercussão geral e terá de ser replicada, portanto, por todas as instâncias do Judiciário

Tramitam na Justiça do Trabalho 66 mil processos sobre o tema em todo o país. Essas ações estavam suspensas desde 2019 aguardando uma definição da Corte. Agora, voltarão a tramitar normalmente e terão o mesmo desfecho do caso julgado no STF.

Como votaram os ministros

Acompanharam o ministro relator Gilmar Mendes na tese de que o negociado prevalece sobre o legislado, os ministros André Mendonça, Kássio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso.

Os ministros Rosa Weber e Edson Fachin discordaram. Fachin alegou que “medidas flexibilizadoras implicam desfazimento do sistema constitucional de garantias trabalhistas e o esvaziamento das convenções coletivas”.

Os ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux não participaram da votação.

Entenda o caso

O caso julgado é uma cláusula do acordo firmado entre a Mineração Serra Grande S.A e o sindicato da categoria que previu o fornecimento de transporte para o deslocamento dos trabalhadores até o local de trabalho, mas suprimiu o pagamento referente ao tempo de percurso.

Como diversas ações, após a reforma, muitos juízes do Trabalho anulavam acordos que permitiam a retirada de direitos, a ação da mineradora deverá servir de parâmetro para as demais que retiram direitos.

Representando a CUT Nacional como “amicus curae” na Corte, em que defendeu que a legislação deve prevalecer sobre as negociações coletivas apenas nos casos prejudiciais aos trabalhadores, o advogado José Eymard Loguércio, do escritório LBS, disse que a negociação coletiva precisa ser prestigiada, mas não deve naturalizar a regressão de direitos.

“Quando se faz uma naturalização da regressão de direitos para a construção da autonomia coletiva, começamos a desproteger novamente, porque não há princípio de equivalência entre as partes” afirmou o advogado em sua sustentação oral na quarta-feira (1).

Amicus Curae é o direito de uma pessoa falar em nome de alguma entidade que tenha interesse no processo, mesmo que não seja parte envolvida, ou citada diretamente. No caso do negociado x legislado, o tema é de interesse dos trabalhadores, que a CUT defende.

 “O artigo 7 da Constituição de 1988 trata de um elenco de direitos para melhoria das condições de vida dos trabalhadores, e assim que é a compreensão da OIT [Organização Internacional do Trabalho].

Eymard lembrou aos ministros do Supremo que até mesmo a retirada de direitos pode acabar em ações junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já que empresas que pagam menores salários e benefícios podem passar a ter vantagem financeira em seus negócios numa concorrência desleal.

Redação CUT

DataFolha | Mulheres de todas as faixas de renda rejeitam Bolsonaro

Desde o início de 2022, as pesquisas revelam que, se dependesse das mulheres, Lula estaria eleito no primeiro turno.

A novidade da última pesquisa DataFolha é o recorte das faixas de renda. Registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022, a pesquisa foi contratada pela Folha e ouviu 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país.

O levantamento mostrou que a intenção de voto em Bolsonaro entre as mulheres, em todas as rendas, é sempre numericamente inferior à registrada entre os homens, tanto na pesquisa espontânea (quando não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados) quanto nas estimuladas de primeiro e segundo turno.

“É evidente que a crise econômica atinge com muito mais violência as mais pobres. Mas até mesmo aquelas com maior faixa de renda rejeitam Bolsonaro. Isso demonstra que a desaprovação vai além do fiasco econômico do governo e passa também pelo rechaço à cultura da violência, do ódio e da misoginia que o bolsonarismo propaga”, analisa Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

No resultado geral, a pesquisa reforça a vantagem de Lula no eleitorado feminino. Entre as mulheres, o presidente Lula chega a marcar 49%, ante 23% do atual mandatário.

Evangélicas

No setor evangélico, elas despontam com voto em Lula, 39%, contra 30% em Bolsonaro, segundo a pesquisa DataFolha realizada no início do mês, focada nesse público. O comportamento das evangélicas é exatamente oposto ao do setor masculino, em que 26% declarou votar em Lula e 48% em Bolsonaro.

Elas rejeitam Bolsonaro

 Datafolha 2018: Bolsonaro era o candidato mais rejeitado entre o eleitorado feminino. Cerca 43% das mulheres entrevistadas não votariam no militar de “de jeito nenhum”.

DataFolha 2019: 56% das mulheres rejeitam a Reforma da Previdência de Bolsonaro

PoderData 2021 (mar): duas em cada três brasileiras refutam o governo, um recorde. Desde dezembro de 2020, a impopularidade do presidente entre as brasileiras cresceu de 49% para 64%.

DataFolha 2021 (mai):  Gênero: Apenas 21% das mulheres aprovam o governo contra 29% dos homens. Recorte racial: Mais de 50% dos eleitores que se declararam pretos responderam “ruim ou péssimo”. Já os brancos dão à gestão de Bolsonaro o maior percentual de ótimo ou bom (27%), taxa semelhante à que ocorre entre os pardos (24%). Entre os pretos, são 18%.

DataFolha 2021 (set): Só 18% das mulheres aprovam o governo. Só 17% dos mais pobres aprovam o governo.

Genial/Quaest 2021 (nov): 59% das mulheres rejeitam Bolsonaro e 16% aprovam.

Genial/Quaest 2022 (mar): Eleito no 1 turno. Lula tem 48% das intenções de voto feminino. Já Bolsonaro obteve apenas 20%.

DataFolha 2022 (mai) – Evangélicas. Elas ‘racham’ o setor evangélico e tendem a votar em Lula. Elas despontam com voto em Lula, 39%, contra 30% em Bolsonaro.

Genial/Quaest 2022 (mai): Eleito no 1 turno. Margem aumenta. Lula venceria Bolsonaro com 51% dos votos femininos contra 22%.

DataFolha 2022 (mai): A intenção de voto em Bolsonaro entre as mulheres, em todas as faixas de renda, é sempre numericamente inferior à registrada entre os homens.

Ana Clara Ferrari, Agência Todas

O massacre continua: renda do trabalhador cai 8% em um ano

A precarização das relações trabalhistas e o baixo patamar dos rendimentos ainda são a principal marca do mercado de trabalho brasileiro, mesmo com uma leve queda do número de pessoas desocupadas. É o que apontam os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a pesquisa, no trimestre encerrado em abril, o rendimento médio real do trabalhador (R$ 2.566) se manteve 7,9% abaixo do registrado no mesmo período de 2021 (R$ 2.790). “Embora tenha havido crescimento da formalidade, não foi observada expansão do rendimento médio real do emprego com carteira assinada no setor privado. Além disso, houve queda no rendimento do setor público”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

Segundo a pesquisadora, a renda média estagnada próxima ao patamar mais baixo da série histórica se deve à dificuldade de reposição da inflação aos salários, o que corrói o poder de compra dos trabalhadores. E também à abertura de vagas com remunerações mais baixas, mesmo com o avanço da carteira assinada.

Em abril, apenas 8% das categorias obtiveram resultados acima do INPC/IBGE, indicador referência para as negociações salariais no país, aponta boletim do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). É a menor proporção de reajustes com ganhos reais em 2022 e a segunda menor proporção nas últimas 15 datas-bases, acima apenas de novembro de 2021.

Já a massa de rendimento real habitual (R$ 242,9 bilhões) cresceu frente ao trimestre anterior, mas ficou estável na comparação anual. Como o aumento do contingente de pessoas ocupadas foi estimado em 1,1% no trimestre (1,1 milhão) e 10,3% em um ano (9,0 milhões), isso representa mais trabalhadores disputando a mesma massa de rendimento, que está em nível bem inferior ao do pico pré-pandemia (R$ 259,1 bilhões)

“No panorama do trimestre, a massa de rendimento aumentou em função da expansão da ocupação. No ano, embora tenha havido um crescimento expressivo da população ocupada, houve retração do rendimento, fazendo com que a massa fique estável apesar do número muito maior de pessoas ocupadas”, contextualiza a pesquisadora.

Sem rendimento, famílias aumentam procura por emprego

A corrosão da renda das famílias ajuda a explicar a maior procura por emprego. “É possível que em função de um rendimento individual menor via trabalho, mais pessoas acabem buscando trabalho. É uma hipótese”, comentou Beringuy.

No trimestre de fevereiro a abril, a força de trabalho (ocupados e desocupados) cresceu 0,4% (384 mil pessoas) em comparação ao trimestre de novembro a janeiro, e 5,1% (5,2 milhões) frente ao mesmo trimestre de 2021. Estimado em 107,9 milhões de pessoas, é o maior contingente da força de trabalho da série, iniciada em 2012. O número de pessoas ocupadas chegou a 96,5 milhões e o de desempregados é 11,3 milhões.

O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada somou 35,2 milhões, subindo 2% (mais 690 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,6% (mais 3,7 milhões) em um ano. Em contrapartida, o número de empregados sem carteira assinada (12,5 milhões) é o maior da série história do IBGE. Esse contingente cresceu 20,8% (2,2 milhões de pessoas) em um ano.

Apesar do recuo para 40,1% da população ocupada, contra 40,4% no trimestre anterior, a taxa de informalidade ainda ficou acima da registrada no mesmo período de 2021 (39,3%), reunindo 38,7 milhões de pessoas. São 3,5 milhões de trabalhadores informais a mais que os formalizados.

Estável na comparação com o trimestre anterior, o número de trabalhadores por conta própria (25,5 milhões de pessoas) subiu 7,2% (mais 1,7 milhão) no ano. O número de trabalhadores domésticos (5,8 milhões de pessoas) também se mantém estável em relação ao trimestre anterior, mas subiu 22,7% (mais 1,0 milhão) no ano.

“O avanço da cobertura pelas vacinas fez com que a atividade econômica e social voltasse ao nível anterior a março de 2020, quando se registraram os primeiros óbitos pela doença. Por conta disso, há melhora nos indicadores de ocupação no Brasil, embora com maior precariedade e informalidade”, ressalta o Dieese em seu Boletim de Conjuntura maio/junho.

“Como planejado e executado, o conjunto de ações da chamada “ponte para o futuro” resultou, desde 2016, no rebaixamento progressivo do padrão de vida da classe trabalhadora no Brasil”, prossegue o documento. “Esse cenário de destruição se tornou ainda pior com a persistente pandemia e o morticínio decorrente da atuação (ou falta de atuação) do governo federal, e com a escalada inflacionária, impulsionada pela guerra na Ucrânia”, concluem os técnicos do Dieese.

Redação pt.org.br, com informações de IBGE e Dieese

Correção da tabela do IR é mais uma promessa não cumprida de Bolsonaro

Mais de três milhões de contribuintes ainda não haviam entregue a declaração do Imposto de Renda nesta segunda-feira (30), véspera do prazo final. Em 2022, apesar das promessas de Jair Bolsonaro, a tabela não foi reajustada novamente. A última correção ocorreu em 2015, no começo do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, quando o reajuste foi escalonado para distintas faixas de renda.

Nestes sete anos sem atualização, cada vez mais pessoas foram perdendo a isenção ou progredindo para faixas em que precisam pagar mais imposto. Enquanto a inflação acelera, os recortes de renda permanecem nos valores de 2015. A defasagem até o ano passado, calcula a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), é de 134,53% desde 1996.

Levantamento da entidade mostra que a tabela do IR atingiu, em três anos e meio de desgoverno Bolsonaro, a maior defasagem desde a criação do Plano Real: 24%. O menor índice foi com Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo mandato: 2,48%. Segundo a Unafisco, 15 milhões de pessoas foram prejudicadas neste ano por conta da falta de reajuste.

Caso houvesse a atualização integral da tabela do IR/2022, a isenção da declaração se estenderia para quem possui renda de até R$ 4.465. No ano-calendário 2022, o número de contribuintes isentos é previsto em 8,28 milhões — do total de 33,5 milhões de declarantes. Conforme os cálculos da Unafisco, com a correção integral da tabela, o número total aumentaria para 23,75 milhões.

Pelos cálculos da Unafisco, ao não corrigir a tabela do IR mais uma vez, o desgoverno Bolsonaro “confiscará” cerca de R$ 48 bilhões dos trabalhadores e aposentados neste ano por meio da tributação de seus rendimentos. Mauro Silva, presidente da Unafisco, diz que quem mais arca com o ônus é a classe média assalariada.

“Hoje, com esse nível de renda, nós temos cerca de 8 milhões de isentos. Com a correção integral teríamos 23,750 milhões de pessoas que não pagariam o IR”, explica o dirigente. “Isso significa que temos mais de 15 milhões de contribuintes que estão pagando Imposto de Renda indevidamente, porque não foi feita a correção integral pelo IPCA.”

Promessa não cumprida faz desigualdade aumentar

Levantamento do Conselho Regional de Contabilidade do Rio (CRCRJ) estima que os contribuintes com ganhos de até cinco salários mínimos têm um prejuízo com a defasagem na tabela de até R$ 5 mil por ano. Conforme o estudo, esses contribuintes não só continuaram pagando o imposto como o desconto mensal do IR foi de R$ 222, em 2018, para R$ 464 neste ano

Caso a tabela tivesse sido atualizada anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde 2015, o contribuinte com renda mensal de três salários mínimos teria recebido em torno de R$ 2,6 mil a mais na conta nos últimos seis anos, entre 2016 e 2021. Com quatro mínimos, a perda ultrapassa R$ 5 mil, e chegaria ao total de R$ 7.661 se o contribuinte recebeu mais de cinco salários-mínimos por mês.

“O que causa preocupação com a ausência de reajuste na tabela é que a faixa de isentos diminui cada vez mais, penalizando aqueles com rendas mais baixas”, comenta Samir Nehme, presidente do CRCCRJ. “Os contribuintes que não tiveram ganhos reais, devido à inflação, pagam ainda mais impostos. Esse contexto é mais uma causa de aumento da desigualdade”, critica Nehme.

Uma nova correção da tabela do IR foi promessa de campanha do então candidato Jair Bolsonaro em 2018. Em abril, ele tocou no assunto em entrevista à CNN Brasil durante passagem por Guarujá (SP). “Conversei há pouco com o Paulo Guedes. Ele quer sim. Estamos perseguindo desde o começo a questão do Imposto de Renda, a tabela que não é reajustada. Ele pretende anunciar para o ano que vem”, prometeu.

A fala de Bolsonaro ocorreu poucos dias após Luiz Inácio Lula da Silva mencionar sua proposta de reforma tributária em evento com Geraldo Alckimin e sindicalistas. “Vamos ter que fazer uma reforma tributária que leve em conta que quem ganha mais tem que pagar mais. Uma reforma que não permite que a pessoa que viva com seu salário de 3, 4 mil reais, ao comprar um produto, pague o mesmo que paga o presidente de um banco”, defendeu o presidente mais popular da história.

Dados do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) apontam que nos primeiros quatro anos de Governo Lula, a defasagem do IR ficou em 7,5%. Lula, então, estabeleceu um reajuste fixo anual da tabela de 4,5%, e no segundo mandato a defasagem foi a menor da era pós-Plano Real: só 2,48%.

A sucessora, Dilma Rousseff, manteve as correções e fechou o primeiro mandato com defasagem de 6,53% e o segundo, até o impeachment, de 4,8%. Nem o ilegítimo Michel Temer nem o descumpridor de promessas Bolsonaro reajustaram 1% sequer. Nos 13 anos de governos petistas, a tabela do IR teve reajuste de 69%, contra 17,5% nos anos de FHC e zero com Temer e Bolsonaro.

Redação pt.org.br

Bolsonaro tem 48% de avaliações como ruim e péssimo

Jair Bolsonaro é o presidente com a pior avaliação entre todos os eleitos após a redemocratização do país.  É o que afirma o instituto de pesquisa DataFolha, que nesta sexta-feira (27) divulgou mais um levantamento sobre como os brasileiros veem o governo do ex-capitão.

A avaliação negativa de Bolsonaro subiu dois pontos percentuais desde a última pesquisa, feita em março. Há dois meses, 46% da população achavam a gestão do atual presidente ruim ou péssima. Hoje, são 48%. Os que consideram regular são 27%, e aqueles que dizem ser boa ou ótima somam apenas 25%.

Ao mesmo tempo, Lula aparece cada vez mais como a esperança dos brasileiros por dias melhores. O mesmo DataFolha mostrou, na quinta-feira (26), que, se as eleições presidenciais fossem hoje, Lula venceria com 48% dos votos no primeiro turno. Em março, esse índice era de 43%

O ex-presidente ficaria 21 pontos percentuais acima de Bolsonaro, que receberia 27%. Em um eventual segundo turno entre os dois, Lula venceria por 58% a 33%, uma diferença de 25 pontos percentuais

Para a presidenta do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), os números mostram que os brasileiros não suportam mais um governo que só gerou desemprego, fome e custo de vida elevado aos brasileiros.

Governando só para os ricos

Confirmando a análise de Gleisi, o DataFolha revela que aqueles que ainda apoiam Bolsonaro são os mais ricos, que conseguem escapar dos efeitos nefastos de seu governo.

O ex-capitão é o mais rejeitado dos pré-candidatos à Presidência. Ao todo, 54% dos eleitores dizem que jamais votariam nele. Mas, quando se observa apenas os eleitores que ganham mais de 10 salários, essa rejeição cai para 47%.

A grande maioria da população, no entanto, pena com o desemprego e alto preço dos alimentos, do gás de cozinha e dos combustíveis, que continuam a subir sem que o atual governo faça qualquer coisa para controlá-los (veja o vídeo abaixo). O resultado são milhões de famílias que não conseguem nem ao menos pagar as contas mais básicas e um índice de famintos acima da média mundial.

Redação pt.org.br

Foto Agência REUTERS/Adriano Machado