Dia 13, mulheres nas ruas por direitos

As mulheres, que já em 2018 expressam oposição ao então candidato Jair Bolsonaro por seu histórico fascista de misoginia, machismo e homofobia, reforçam a jornada pela democracia indo às ruas no dia 13 de agosto em todo. Além da defesa da democracia, as mulheres lutam contra os desmontes promovidos nos últimos anos que impactaram de forma mais profunda o segmento.

 “As mulheres da CUT junto com movimentos feministas, movimentos sociais e partidos políticos farão atos no dia 13 tendo com pauta o combate à fome, a miséria, a reforma Trabalhista, contra a violência contra a mulher. O movimento ‘Vamos juntas pelo Brasil’ vem para reforçar e manter vivo esse espírito de luta, que é histórico em torno de uma luta, pela democracia, contra essa violência que estamos vivendo contra o povo brasileiro”, diz Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT.

Redação CUT

21 capitais brasileiras já marcaram ato pela democracia nessa quinta

Em defesa da democracia, brasileiros vão ocupar as ruas do país na quinta-feira, dia 11 de agosto, data que  simbolizará um marco na luta contra a escalada do autoritarismo que volta a ameaçar a liberdade e os direitos da população, desta vez estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com seus discursos contra o sistema eleitoral, ataques a ministros do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas.

Em 21 capitais, grandes atos já estão marcados. Outros atos em cidades do interior também estão sendo organizados. Ato principal, a manifestação em São Paulo ocorrerá às 17h, em frente ao MASP na Avenida Paulista.  Veja lista completa no final do texto.

O “dia de mobilização nacional em defesa da democracia e por eleições livres” está sendo organizado pela CUT, demais centrais sindicais, movimentos populares, partidos políticos, estudantis e outras entidades da sociedade civil.

Recado ao ‘capitão’

Bolsonaro insiste em praticar atos antidemocráticos, querendo usar as Forças Armadas para mostrar poder já que não tem apoio popular. Por isso precisamos ir às ruas e por meio das manifestações fazer a disputa política dentro das regras que a própria democracia estabelece”, afiram o secretário-adjunto de Mobilização e Relacionamento com os Movimentos Sociais da CUT, Milton dos Santos Rezende, o Miltinho.

O dirigente reforça que há um risco sério para a democracia no país – um golpe – por causa dos ataques de Bolsonaro, entre eles a incitação ao ódio às instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e as urnas eletrônicas, insinuando, inclusive, que não aceitará o resultado das eleições deste ano. Todas as pesquisas de opinião apontam para sua derrota para o ex-presidente Lula.

“Temos um insano no poder que não aceita as regras e que quer impor as suas condições. Isso traz instabilidade política e econômica ao país. Nenhum investidor vai querer investir em um país em uma situação como está o Brasil”, diz Miltinho.

E essa preocupação, ele prossegue, é de todo o conjunto da sociedade. “Todos os setores que estão preocupados com essa situação, com a miséria no país que já atinge 20 milhões de brasileiros, além dos mais de 30 milhões em insegurança alimentar, com a falta de políticas de educação, de saúde, bem como um plano para fazer o Brasil crescer, estão apoiando a nossa luta”, ele diz.

E, prova disso, é união em torno de iniciativas de defesa da democracia, como a “Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa do Estado Democrático de Direito”, que já tem mais de 800 mil assinaturas e será lida no mesmo dia, 11 de agosto. A inciativa da USP conta com a adesão de todos os setores da sociedade, de trabalhadores a banqueiros, passando por juristas, empresários e artistas.

Veja onde já tem atos marcado:

Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, Santos, São Luiz, São Paulo, Teresina e Vitória.

Redação CUT

Endividamento bate recorde e atinge 78% das famílias brasileiras em julho

As altas taxas de desemprego e de inflação, além dos salários arrochados, que não dão para pagar sequer contas básicas como água e luz, atingiu em cheio os orçamentos das famílias brasileiras em julho e o resultado foi o aumento das dívidas em +0,7 ponto percentual, com o endividamento atingindo a marca recorde de 78% dos lares do país.

As medidas paliativas anunciadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, tiveram efeito restrito ao segundo trimestre no que se refere ao pagamento de contas e/ou dívidas já atrasadas. É o reflexo da política de descaso e destruição do país praticada pelo atual desgoverno.

É isso que mostram os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados nesta segunda-feira (8) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Entre os que têm dívidas, 85,4% possuem dívidas no cartão de crédito. Os consumidores com até 35 anos de idade são o grupo mais endividado no cartão de crédito (87,5%). Já as mulheres responderam pela maior proporção de endividados no cartão, 87,1%, enquanto homens representam 84,2%.

Cresce inadimplência

O total de famílias com dívidas ou contas em atraso ficou em 29% em julho. Desses, 10,7% disseram não ter como pagar os compromissos assumidos, ou seja, ficarão inadimplentes.

Mulheres mais endividadas

A proporção de mulheres endividadas aumentou 0,5 ponto percentual entre junho e julho e atingiu 80,6%, mas cresceu ainda mais entre os homens, 1,0 ponto, passando a 77,5%.

Por faixa de renda, a Peic aponta que as famílias na faixa acima de 10 salários mínimos mensais contraíram mais 0,8 ponto percentual de dívidas em julho, chegando a 75% com dívidas.

Na faixa com renda abaixo de 10 salários mínimos, o endividamento cresceu 0,6 ponto percentual, atingindo 78,8%. Nas duas faixas, a taxa é recorde.

Os dados da Peic são coletados em todas as capitais e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores. Os principais tipos de dívida levantados são cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e financiamento de casa.

Redação CUT

Câmara aprova retirar direitos trabalhistas em casos de estado de emergência

O governo de Jair Bolsonaro (PL), conseguiu que a Câmara dos Deputados aprovasse, na noite dessa terça-feira (2), por 249 votos a favor e 111, a Medida Provisória (MP) nº 1109/22, que institui relações trabalhistas alternativas para vigorar durante estado de calamidade pública decretado em âmbito nacional, ou estadual e municipal reconhecidos pelo governo federal.

Isto quer dizer que até mesmo municípios em estado de calamidade pública, por exemplo, por causa de fortes chuvas, podem mudar as regras trabalhistas. Ou seja, o trabalhador será penalizado pela tragédia ambiental com a perda de direitos.

A MP vale para qualquer motivo em que seja decretada a calamidade, pelo presidente, governadores e prefeitos.

Entre as medidas trabalhistas previstas estão o teletrabalho; a antecipação de férias individuais; a concessão de férias coletivas; o aproveitamento e a antecipação de feriados; o banco de horas; e a suspensão da exigibilidade dos recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A MP, também retoma, com algumas mudanças, regras do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), adotado durante a crise causada pela pandemia de coronavírus. O programa passa a ser permanente, podendo ser instituído para combater consequências de estado de calamidade pública.

Com o programa, contratos de trabalho poderão ser suspensos temporariamente, com a concessão do Benefício Emergencial (Bem), a ser pago mensalmente como compensação aos trabalhadores atingidos. Além da suspensão temporária dos contratos, será possível a redução proporcional da jornada de trabalho e do salário.

O Benefício Emergencial devido a cada trabalhador será calculado com base no valor que ele teria direito de seguro-desemprego. O beneficiário poderá receber o Bem na instituição financeira em que possuir conta-poupança ou conta de depósito à vista, exceto conta-salário.

Em 2021, o valor do BEm era calculado pelo Ministério da Economia, de acordo com o salário dos últimos três meses e correspondeu ao percentual do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito caso fosse demitido, até o valor máximo do benefício, conforme o tipo de acordo e o percentual de redução negociado com o empregador. Hoje o teto do seguro-desemprego está em R$ 2.106,08.

Na redução de 25% da jornada e salários, o trabalhador recebe 75% do salário + 25% da parcela do BEm

Na redução de 50% da jornada e salários, o trabalhador recebe 50% do salário + 50% da parcela do BEm

Na redução de 70% da jornada e salários, o trabalhador recebe 30% do salário + 70% do BEm.

Como deve funcionar com a nova MP

O empregador pode acordar a suspensão do contrato de trabalho de forma setorial, departamental, parcial ou na totalidade dos postos de trabalho. O período máximo previsto para a redução da jornada e a suspensão dos contratos de trabalho é de 90 dias, prorrogável enquanto durar o estado de calamidade pública em âmbito nacional ou local.

FGTS

Em relação aos recolhimentos do FGTS, a medida provisória dá poderes ao Ministério do Trabalho para suspender a exigibilidade por até quatro meses nos estabelecimentos situados em municípios com estado de calamidade pública reconhecido pelo governo federal.

A medida alcança todas as empresas, independentemente do setor em que atuam, do regime tributário ou de adesão. Os depósitos ao fundo serão retomados após o fim da medida alternativa, em seis parcelas, sem incidência de juros, multas ou outros encargos.

Abrangência

As medidas da MP se estendem a trabalhadores rurais, domésticos e temporários urbanos, além de aprendizes e estagiários. Ato do Ministério do Trabalho e Previdência estabelecerá o prazo de adoção das medidas alternativas, que poderá ser de até 90 dias, prorrogável enquanto durar o estado de calamidade pública decretado.]

Concessão de férias

A concessão de férias coletivas poderá ser decidida pelo empregador e informada aos empregados com antecedência mínima de 48 horas. Ela poderá incidir sobre toda a empresa ou setores dela. A MP permite a concessão por prazo superior a 30 dias.

Oposição critica MP

O deputado Bohn Gass (PT-RS) criticou a medida provisória por flexibilizar e prejudicar as relações de trabalho. “Em casos de calamidade, as contratações nos municípios vão ser mais precárias ainda. Vamos dar um cheque em branco para terceirizações e contratos emergenciais, sem concursos e estabilidade”, alertou.

A líder do Psol, deputada Sâmia Bomfim (SP), afirmou que as medidas adotadas durante a pandemia se limitavam ao contexto específico da necessidade de seguir regras de isolamento social. “Eram medidas para salvar os trabalhadores e as empresas do ramo produtivo que empregavam muitas pessoas que corriam o risco de ser demitidas”, comentou. “Isso não se justifica como um gatilho para outras situações de crise.”

O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) disse que a matéria não deveria ser discutida em uma medida provisória. “O governo quer atropelar direitos de trabalhadores na véspera da eleição”, lamentou.

Governistas e liberais apoiam a MP

Já o deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) afirmou que a medida provisória moderniza as relações trabalhistas e pode gerar emprego e renda.

O deputado Kim Kataguiri (União-SP) ressaltou que as medidas adotadas na pandemia garantiram a manutenção de mais de 20 milhões de empregos formais.

O deputado Paulo Marinho Jr (PL-MA) lembrou que o índice de desemprego está em queda, com 9,3 milhões de desocupados no último trimestre segundo o IBGE, o menor número desde 2016. “As medidas em vigor têm surtido efeito, e a economia está melhorando”, avalia. O deputado, no entanto, não esclareceu que o aumento de vagas de trabalho é  sem carteira assinada, e a maioria dos trabalhadores exerce atividades informais.

Leia mais: Renda cai e número de trabalhadores informais é recorde, mostra pesquisa IBGE

Por volta das 18 horas desta quarta (3) os senadores aprovaram também o texto principal da MP 1.109/22, que autoriza regras trabalhistas diferenciadas em período de calamidade pública. Eles votam ainda esta noite os pedidos de destaque a emendas e trechos do texto.

Redação CUT / Agência Câmara de Notícia

Diretoria da CNQ se reúne para discutir o futuro do ramo químico

Nos últimos dias 26, 27, 28 de julho, a direção nacional da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) esteve reunida na sede, em São Paulo, para discutir o futuro do ramo químico no país e planejar as ações para o segundo semestre deste ano e comemorar os 30 anos de luta da entidade, completados em 24 de julho. O encontro presencial aconteceu quase três anos depois, por conta da pandemia.

Durante os três dias de encontro, a direção da CNQ discutiu estratégias para romper paradigmas no campo político e construir um novo modelo para as relações de trabalho. A análise de conjuntura nacional ficou por conta de Fernanda Curti, sob seu olhar feminista e antirracista.

O presidente do Sindborracha de Camaçari, Salvador e Região Metropolitana, Josué Pereira, que também é secretário Regional Nordeste da CNQ, participou dos debates, levando as experiências e demandas da categoria. Para ele, o amplo debate fortalece a classe trabalhadora e permite traçar novas estratégias para barrar as tentativas de prejudicar os trabalhadores.

Solenidade em comemoração aos 30 anos da CNQ

Segurança no trabalho tem que ser prioridade

O Dia Nacional da Prevenção ao Acidente de Trabalho é celebrado em 27 de julho, transcorrido, na última quarta-feira. O marco, oficializado em 1972, incentiva a reflexão sobre a necessidade de impor mudanças comportamentais, com medidas efetivas de proteção ao trabalhador. O objetivo das campanhas sobre o tema é promover um ambiente de trabalho mais seguro e com práticas saudáveis, em todos os setores produtivos da sociedade.

De acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o Brasil está entre os líderes ranking de países com maior número de acidentes e mortes por acidente de trabalho. Não é à toa que o serviço de medicina e segurança do trabalho em empresas com mais de 100 funcionários é obrigatório.

O Observatório ainda revelou que, somente em 2020, foram registrados cerca de 47 mil acidentes de trabalho por pessoas com vínculo regular. Em 2021, o país registrou 2,5 mil óbitos e 571,8 mil Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT). Números 30% maiores em relação ao ano anterior. Os índices dispararam, principalmente, após o fim do Ministério do Trabalho e seus órgãos de fiscalização, quando os sindicatos também perderam o protagonismo.

O tema tem sido pauta recorrente entre as categorias de trabalhadores, inclusive no Sindborracha de Camaçari, Salvador e Região Metropolitana. No último dia 13 de junho, por exemplo, ocorreu um grave acidente envolvendo dois prestadores de serviço terceirizados na Continental. Os dois homens foram atingidos por um jato de vapor em altíssima temperatura e ficaram hospitalizados em um centro de tratamento especializado.

Diante do ocorrido, a direção do sindicato se reuniu com os funcionários na porta da fábrica para alerta sobre a necessidade de ter segurança no trabalho e cumprir todos os protocolos. Além disso, cobraram da empresa melhores condições de trabalho para todos.

IPCA-15 registra em julho a menor variação desde junho de 2020

Principal prévia inflacionária, o IPCA-15 subiu 0,13% em julho, o menor percentual desde junho de 2020. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo IBGE, mesmo instituto responsável pelo índice oficial IPCA. Em junho, o IPCA-15 havia subido 0,69%. No mesmo mês do ano passado, este indicador avançou 0,72%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,79%. No intervalo de 12 meses, a taxa está em 11,39%.

Seis dos nove grupos tiveram aceleração de preços no atual IPCA-15. Destaque para alimentos e bebidas (1,16%) e vestuário (1,39%) – o segundo grupo acumula elevação de 11,01% no ano. Somente o leite longa vida subiu 22,27% no mês.

A desaceleração na média deste mês foi causada pelos grupos Transportes (-1,08%) e Habitação (-0,78%). No primeiro, os preços foram contidos pelas quedas em combustíveis, sobretudo gasolina (-5,01%) e do etanol (-8,16%). Em habitação, destaca-se a diminuição de 4,61% na energia elétrica residencial.

Redação Bahia.ba

Maior parte dos acordos salariais tem reajustes abaixo da inflação

Os acordos salariais no primeiro semestre deste ano tiveram, na maior parte, reajustes abaixo da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). A média no ano é de menos 0,80%. Apesar do resultado melhor em junho, há quase dois anos não se registra variação positiva mensal – a última vez que isso aconteceu foi em setembro de 2020, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconomicos (Dieese), divulgado nesta terça-feira (19).

De acordo com o acompanhamento do instituto, os reajustes abaixo da inflação representaram 43,4% do total na primeira metade do ano. Os equivalentes ao INPC somam 35,2%. E os acordos com índice acima da inflação são apenas 21,4%. Isso mostra a dificuldade imposta, entre outros fatores, pela inflação elevada, que continua próximos dos 12% (em 12 meses).

Setores e pisos

Entre os setores de atividade, a indústria tem a maior quantidade de acordos acima da inflação: 26,8%, ante 20% nos serviços e 15,7% no comércio. Nesse último, predominam os índices iguais ao INPC (53,5%). Nos serviços, 50,9% ficam abaixo.

Apenas no mês de junho, 37% dos reajustes tiveram ganho real (acima da inflação), no maior percentual desde setembro de 2020 (44%). Outros 37% foram equivalentes ao INPC, enquanto 26% ficaram abaixo. O índice médio foi de -0,58%. “O dado reflete alguma melhora nas negociações salariais, embora ainda insuficiente para resultar em um valor acima do INPC-IBGE”, observa o Dieese.

O valor médio dos pisos em 2002 é de R$ 1.489,98. Já o mediano (correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos) está em R$ 1.388,50. Assim, ficam em 22,9% e 14,6%, respectivamente, acima do salário mínimo oficial. O maior valor médio está no comércio (R$ 1.515,22), e o menor, no setor rural (R$ 1.454,83).

Redação CUT

Insalubridade X periculosidade; saiba quem tem direito

Trabalhador que corre risco de contrair doenças pode pedir adicional de insalubridade; os que correm risco de morte violenta, como em explosões, recebem por periculosidade. Valores a receber são diferentes

Os trabalhadores e trabalhadoras que correm risco de morte violenta ou de contrair doenças têm alguns direitos como os adicionais de insalubridade pagos, por exemplo, ao pessoal da saúde e químicos pelo risco biológico, e a periculosidade pagos aos militares e eletricistas pelo risco de mortes e acidentes violentos, entre outras categorias.

Para entender a diferença entre insalubridade e periculosidade, que categorias profissionais têm direito, como provar que convivem com esses riscos nos locais de trabalho, quais os valores a receber e o que fazer caso a empresa se recuse a pagar e como o sindicato pode ajudar o trabalhador, a reportagem do PortalCUT ouviu especialistas em direito do trabalho e dirigentes sindicais de setores de risco. Confira. 

Muitas vezes, o trabalhador tem dificuldade em provar que sua atividade é insalubre, alerta o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), especialista em saúde do trabalhador, Remígio Todeschini. Segundo ele, isso acontece porque, neste caso, as empresas não querem arcar com o acréscimo para a previdencia que garante o custeio da aposentadoria especial com idade mais reduzida. Há resistência por parte do empresariado em arcar com esse custo, apesar dos problemas de saúde que o trabalhador pode ter no futuro.

“Reconhecer a insalubridade é praticamente processual. Por exemplo, em casos de exposição ao barulho, é preciso que engenheiros avaliem e façam medições que comprovem o risco do trabalhador perder ou diminuir a sua audição. É uma briga intensa fazer a empresa reconhecer este direito”, afirma Todeschini.

A advogada Fernanda Teodora Carvalho do escritório LBS, que atende a CUT Nacional, explica que normalmente, existem ramos de atividades como indústrias, hospitais, laboratórios, que reconhecem o direito ao pagamento do adicional de insalubridade, de acordo com previsão da Norma Regulamentadora (NR) nº 15, que trata de riscos físicos, químicos e biológicos.

Outros trabalhadores que também podem ter esse direito reconhecido são os que atuam em limpeza de locais com grande circulação de pessoas, a exemplo dos shopping centers, trabalhadores que realizam limpeza de baias e estábulos e trabalhadores que atuam na coleta de lixo urbano.

Já o pagamento do adicional de periculosidade ocorre quando o trabalhador está exposto ao risco ocupacional por agentes infamáveis, descargas elétricas, ou realiza segurança privada ou transporte de valores. As normas que tratam disso são as NRs 16 e 20.

Como ter o direito reconhecido

Nos casos em que a empresa não reconhece espontaneamente a exposição à insalubridade ou a periculosidade, é preciso que o trabalhador entre na Justiça para receber o adicional devido. Neste caso, o sindicato pode orientar o trabalhador sobre como dar início ao processo.

Casos comuns ocorrem com trabalhador de edifício vertical, que armazenam líquidos inflamáveis para uso de geradores e manutenção de elevadores. “Normalmente o empregador não reconhece de forma espontânea o direito para não onerar a sua folha de pagamento. Por isso, é preciso que o trabalhador entre em contato com o jurídico do seu sindicato para que haja uma verificação do local de trabalho”, diz a advogada Fernanda Teodora Carvalho.

Segundo ela, é preciso avaliar o tempo de exposição aos agentes químicos, físicos ou biológicos, se ocorria com frequência, se era esporádico, e se a quantidade desse agente está dentro, ou não, da concentração permitida na norma, para ter reconhecido o seu direito ao adicional.

Valores a receber

O adicional de insalubridade pode ser pago em percentuais estabelecidos pela norma, e eles variam de acordo com o grau de risco da atividade exercida. Os percentuais são 40% para insalubridade de grau máximo; 20% para insalubridade de grau médio; e 10% para insalubridade de grau mínimo, que são calculados com base no salário mínimo. 

Categorias lutam para manter direitos

Uma das categorias que muito lutou pelo direito à insalubridade é a dos trabalhadores na saúde. Somente em 1980, eles tiveram esse direito reconhecido e ainda assim há muitas brechas na legislação que impedem que todos recebam o mesmo percentual.

A secretária-Geral do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), Célia Regina Costa, que trabalha no setor administrativo há 45 anos, diz que é injusto todos que trabalham na saúde não terem o mesmo direito, pois os valores a receber dependem se a unidade é pública ou privada. Segundo ela, os servidores públicos da saúde de São Paulo recebem de adicional de insalubridade de 20% a 40% sobre dois salários mínimos (R$ 2.224, hoje).

‘Enfermagem, psicólogos, médicos, técnicos de imagem e laboratórios recebem porque manipulam medicação e têm contatos diretos com pacientes e nem sempre está escrito no prontuário se eles têm doenças transmissíveis, ou não, na hora de realizar um exame. O mesmo ocorre com a recepção e motoristas de ambulância que lidam diretamente com quem chega no hospital ou posto de saúde. Por isso, eles também recebem o adicional de insalubridade”, conta.

Já a rede privada paga 20% apenas sobre um salário mínimo (R$ 1.212) e o pessoal da administração nem sempre recebe, o que, para a dirigente sindical, é profundamente injusto, e a pandemia da Covid-19 comprovou isso, pois a obrigação de trabalhar presencialmente levou muitos a adoecerem, independentemente da ocupação exercida.

“O vírus é ‘democrático’. Ele pode infectar um médico ou mesmo um trabalhador de Recursos Humanos, que pega um ônibus para trabalhar, mesmo  exercendo a sua função em um prédio diferente que não exige contato direto com um paciente”, afirma.

Apesar de ter o direito ao adicional de insalubridade reconhecido há mais de 40 anos, o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que haja uma nova reclassificação do rol de atividades da saúde, sem consultar seus profissionais e o atual governo de Rodrigo Garcia (PSDB) está mantendo a decisão do seu antecessor.

“Inventaram uma comissão que não ouve os trabalhadores e estamos aguardando como será a reclassificação, apesar de nossos protestos pela falta de diálogo com a categoria. Nossa preocupação é o atual governo do estado retirar direitos de quem hoje recebe o adicional por insalubridade”, conta.

Os riscos dos eletricitários

Uma das categorias que sofre com grande risco de acidentes fatais é a dos eletricitários, expostos à descargas elétricas em áreas energizadas. E foi graças à luta da categoria que eles conquistaram aumento do adicional de periculosidade de 30% do salário mínimo para 30% da remuneração que recebem.

O engenheiro elétrico da Eletrobras, Ikaro Chaves, conta que os riscos de acidentes graves são muitos e piorou depois das demissões no sistema e a falta de renovação de mão de obra, sobrecarregando a carga de trabalho.

“A profissão já é de risco com trabalhadores atuando em tensões de 500 mil a 600 mil volts. Só de passar embaixo de uma rede dessas, o cabelo arrepia. E os acidentes são terríveis com trabalhadores perdendo braços, pernas e até os olhos por que a descarga elétrica queima de dentro para fora, já que seu condutor é o sangue”, explica Ikaro.

Redação CUT Bahia

Ex-trabalhadores na Ford fazem panfletagem sobre direitos e um Brasil em crise

Ex-trabalhadores na Ford panfletaram nesta quinta-feira, 21, nos arredores da estação do metrô República, no centro da capital paulista. A ação faz parte do Comitê de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia criado pelos representantes sindicais e militantes na montadora em maio.

Os comitês são espaços de organização popular e cumprem o papel de ampliar o diálogo com a população sobre os problemas enfrentados pelos brasileiros e pelas brasileiras, como o desemprego, a saúde, a educação, a pobreza, além de apontar os caminhos de luta e promover ações de solidariedade.

A escolha da data não foi por acaso. Há exatos 41 anos, completados neste dia 21 de julho, os trabalhadores na Ford de São Bernardo do Campo, após a realização de uma greve, conquistaram a primeira Comissão de Fábrica do Brasil, eleita pelos próprios metalúrgicos.

O material entregue aos transeuntes trata não apenas sobre as reformas promovidas pelo atual governo federal como também fala do aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, da pandemia e dos 33 milhões de brasileiros que passam fome no Brasil, como aponta o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho.

Ação na Praça da República

O jornal comenta ainda sobre o encerramento das atividades na Ford do ABC paulista, em 2019, após 52 anos de atuação na região.

De acordo com a publicação, o fechamento da fábrica representou uma “irresponsabilidade empresarial” combinada com uma “inação das autoridades públicas”.

“O governador à época, João Doria, teve uma atuação pífia para reverter a decisão e o presidente da República, Jair Bolsonaro, procurado pelos trabalhadores, ignorou totalmente o caso”, aborda o material de quatro páginas.

Povo nas ruas

A mobilização desta quinta-feira no centro de São Paulo permitiu, segundo o presidente do TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, um diálogo mais próximo com a população sobre os reais problemas reais vividos atualmente no Brasil.

“O povo brasileiro está sendo submetido ao maior assalto social e econômico da história desse país, com queda na renda, piora no desemprego e nas condições de vida”, disse.

Simão Barbosa de Matos Neto, o Soró, funcionário por 32 anos da Ford de São Bernardo do Campo, critica o atual governo federal e lamenta o fechamento de inúmeras empresas no Brasil.

“O olhar do mundo sobre o Brasil não é o mesmo do que vimos nos anos 2000 com o governo Lula. Depois do golpe de 2016, tudo se transformou radicalmente. Com a retirada de direitos e a desindustrialização, vimos o desemprego aumentar e uma crise profunda no Brasil. Até 2013, não se via a quantidade de pessoas pedindo comida e indo morar na rua como hoje”.

Para Soró, que ingressou na Ford em 13 de outubro de 1989 e vivenciou diferentes momentos da economia brasileira e do movimento sindical, é preciso eleger em outubro de 2022 candidatos que garantam a distribuição da riqueza e uma política de expansão do setor de consumo, de investimentos públicos e a retomada da industrialização.

“A partir de janeiro de 2023, precisamos de um governo progressista que seja indutor do crescimento da economia, do emprego, da renda e que acabe com a fome”, finalizou.


Redação CUT

Foto Rossana Lana